Oficiais nigerianos reintegraram onze enfermeiras cristãs no Centro Médico Federal em Azare, cidade localizada ao norte do estado de Bauchi, mais de dois anos após serem demitidas por recusarem-se em aderir ao código de vestimenta islâmica. O ministro da saúde, Eyitayo Lambo, ao agir em nome do governo nigeriano, convocou novamente as onze enfermeiras na segunda-feira, dia 2 de agosto.
A provação das enfermeiras iniciou-se há dois anos quando o Dr. S.Y. Sabo, diretor médico do hospital do governo em Azare, tentou impor o traje islâmico às funcionárias do hospital. Em janeiro de 2002, Sabo emitiu uma diretriz a todas as enfermeiras e parteiras para iniciarem a vestir uma blusa branca sobre as calças brancas, de acordo com o costume islâmico.
Agindo sob a direção da Comunhão das Enfermeiras Cristãs, as onze enfermeiras protestaram contra o novo código de vestimenta, afirmando que os uniformes foram produzidos para o uso da religião islâmica e que essa atitude infringia a sua fé cristã.
Quando a gerência do hospital se recusou em dialogar sobre este assunto, as enfermeiras buscaram a intervenção do Conselho de Enfermagem e de Trabalho de Parteira da Nigéria (CETPN), um órgão regulador que supervisiona a profissão de enfermagem do país.
Em 23 de janeiro de 2002, o CETPN escreveu uma carta à gerência do hospital afirmando que, "Nenhuma enfermeira deveria ser compelida a usar um estilo determinado ou específico de uniforme, especialmente em relação à religião". Quando a gerência do hospital não levou em consideração a carta do CETPN, as onze enfermeiras decidiram resistir à diretriz.
"Nós dissemos ao Dr. Sabo que não poderíamos usar a vestimenta islâmica porque isto é contra a Bíblia e a nossa ética profissional", contou Magdalene Yusuf à Compass.
Os administradores do hospital reagiram à posição das enfermeiras, demitindo-as em 24 de abril de 2002.
Assim, as enfermeiras fizeram uma petição diante dos oficiais do Ministério da Saúde Federal da Nigéria e arquivaram uma ação judicial na Corte Superior Federal em Jos, no estado de Plateau. A ação levou-as a perder o seu emprego, como resultado da perseguição religiosa.
As enfermeiras solicitaram que a corte restaurasse suas posições no Centro Médico Federal. A sede local do estado de Bauchi da Associação Cristã da Nigéria e a Comunhão das Enfermeiras Cristãs apoiaram a sua reivindicação.
A situação difícil que as enfermeiras estavam enfrentando chamou a atenção das organizações que tratam da liberdade religiosa por todo o mundo. A Solidariedade Cristã Mundial, os Ministérios dos Cristãos Perseguidos, a Iniciativa Macedônica Internacional, a Comunhão de Advogados Cristãos e outras organizações intervieram no caso.
A senhora Uju Hassan-Baba, diretora geral do Conselho de Auxílio Legal da Nigéria contou à Compass que a reintegração das enfermeiras foi resultado da intervenção das organizações de liberdade civil.
"As enfermeiras fizeram uma petição em 2002 solicitando nossa intervenção em alguma brecha nos direitos constitucionais e de crença religiosa em seu favor, e nós levamos o assunto ao centro e ao Ministério Federal da Saúde", afirmou Hassan-Baba.
"Nós escrevemos para o diretor médico do centro sobre a violação dos direitos das enfermeiras e também levamos o caso até a corte. Entretanto, após a intervenção do Ministro da Saúde, professor Eyitayo Lambo, resolvemos abandonar a ação judicial".
"Graças a Deus, agora as enfermeiras estão de volta", concluiu ela.
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