Em meio a crise, igrejas evangélicas dão orientação para buscar emprego
cena se repete todas as segundas-feiras no bairro de São Cristóvão, na
zona noroeste de Belo Horizonte (MG). Acaba o Culto do Bom Samaritano às
21h30 e, na saída, as pessoas param em frente aos anúncios de emprego
fixados no largo corredor do salão que antecede a entrada do templo.
Entre
membros efetivos e visitantes, a Igreja Batista da Lagoinha recebe
cerca de 250 pessoas por culto. Segundo o pastor da Lagoinha, Eduardo
Oliveira, 35, na crise as pessoas tendem a recorrer à fé. "Muita gente
tem nos procurado. Fiéis novos, visitantes, que vêm angustiados, sem
emprego."
Para facilitar a busca de uma nova vaga, a igreja
firmou parceria com o site Vagas Z, plataforma que disponibiliza o
currículo dos fiéis a empregadores. A igreja também oferece apoio
emocional. "Durante a semana ligamos para os fiéis desempregados porque
sabemos que estão fragilizados nessa condição", diz o pastor.
Sem
trabalho, o vigilante e fotógrafo Victor Vinícius Guimarães, 22,
considera o momento atual uma oportunidade para exercer a fé. "A crise
vem para todo mundo, e a Bíblia diz assim: no mundo tereis aflição, mas
tende bom ânimo, eu venci o mundo", afirma.
Sem exigência da
igreja, os fiéis desempregados não precisam pagar o dízimo, mas voltam a
contribuir assim que conseguem trabalho, mesmo que temporário. "Eu só
dou o dízimo quando realizo um trabalho. Não existe uma imposição quanto
a isso", diz o produtor multimídia Alex Bruno Goulart Santos, 22.
A
configuração familiar também preocupa os evangélicos. "Nos momentos de
crise, infelizmente, muitas famílias se desestabilizam e nós entendemos
que a palavra de Deus é muito importante para fortalecer, trazer
esperança e vida. Essa é a mensagem que passamos", diz o pastor da
Lagoinha.
Em São Paulo, onde 22% da população é evangélica, a
Igreja Batista do Povo oferece programa de coaching em grupo. O objetivo
é desenvolver a autoconfiança nos alunos para que eles possam assumir
responsabilidades de cargos de liderança. Segundo Edgar Rufino, dono de
uma empresa de desenvolvimento humano e organizacional, o desemprego
coloca em risco a unidade da família. "É um fator de destruição dos
lares", diz Rufino, que também é membro da igreja.
Chamado de
Centro de Formação de Líderes, o núcleo da igreja é composto de
professores voluntários e cobra de cada aluno R$140 por semestre para
manutenção do espaço. Para a professora Alessandra Rufino, existe
diferença entre o que ela ensina nos cursos fora da igreja e o que
ensina no ambiente religioso.
"No mundo, como nós falamos aqui,
eu foco apenas as estratégias de liderança. Na igreja, além de ensinar
essas estratégias, dou ênfase nos ensinamentos de Jesus Cristo. Eu digo
para eles, se tem alguém que pode transformar vocês 100% é Jesus."
Segundo o Censo de 2010, em 10 anos, a Igreja Evangélica cresceu 61% no Brasil e representa aproximadamente 22% da população.
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