Para driblar a decisão judicial que proibiu a propaganda de um segmento evangélico contra a candidatura de Luizianne Lins (PT), o nome da prefeita foi substituído nos outdoors pelo de Jezabel, considerada pelo Antigo Testamento como uma perseguidora de profetas.
A Convenção de Ministros das Assembléias de Deus Unidas do Ceará (Comaduec) encontrou uma forma inusitada de driblar a decisão da Justiça Eleitoral, que proibiu a entidade de espalhar outdoors pela cidade em campanha contra a prefeita e candidata à reeleição, Luizianne Lins (PT).
A Comaduec substituiu o nome da prefeita no texto do anúncio anterior. No lugar de “Luizianne é contra a bíblia e o povo de Deus”, entrou “Sra. Jezabel – Por que a senhora é contra a bíblia e o povo de Deus?”. O nome Jezabel foi inspirado na antiga princesa dos fenícios que é retratada no Antigo Testamento da bíblia como perseguidora de profetas. Alguns outdoors do grupo evangélico se encontram ao lado de outros do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), também de campanha contra a prefeita.
O responsável pela Comaduec, bispo Shelley Macêdo, diz que a comunidade evangélica estaria revoltada com a decisão do juiz Emanuel Leite Albuquerque, da 117ª Zona Eleitoral, de mandar retirar os outdoors da entidade. Macêdo argumenta que a troca do nome de Luizianne pelo de Jezabel foi feita pelos “fiéis”. Para ele, Luizianne representa a princesa fenícia. “Ela (Jezabel) pregava a prostituição”, argumenta Macêdo. “Deus usava os profetas para combater aquela prática. E ela perseguia os profetas”, diz.
A advogada da coligação que apóia a candidatura de Luizianne, Isabel Mota, disse ontem que estava avaliando os novos cartazes e que decidirá se vai entrar com nova representação ou se solicita que o juiz reconheça o descumprimento da decisão inicial. A advogada também diz que os outros outdoors impedidos inicialmente – cerca de 100 – não foram todos retirados ainda. Ela solicitou ao juiz uma permissão para que a força pública, através do poder de polícia, retire o material.
Sindifort
Em outro capítulo da “guerra dos outdoors” em Fortaleza, o Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza foi notificado, na manhã de ontem, sobre a decisão da Justiça que ordena a retirada dos outdoors contra a prefeita Luizianne Lins. A propaganda espalhada pela cidade diz: “Servidores municipais: mais uma vez a Prefeita e o PT contra você”.
O Sindicato iniciou uma campanha contra Luizianne e o partido da prefeita há três meses, depois que o PT, a pedido da hoje candidata à reeleição, entrou com ação de Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal (STF), contra liminares que, baseadas em leis anteriores à Constituição de 1988, garantem equiparação de salário a alguns servidores. Segundo a administração municipal, 1,7 mil funcionários que conseguiram acréscimo de salário na Justiça – de um total de 30 mil servidores da ativa – recebem R$ 11 milhões dos R$ 60 milhões do total da folha de pessoal. Graças às liminares que a Prefeitura quer derrubar. A situação, argumenta o Município, gera distorções e impedem o planejamento financeiro da administração. A ADPF está tramitando no Supremo.
Segundo a presidente do Sindifort, Nascélia Silva, a categoria vai respeitar a decisão de retirar os outdoors no tempo determinado, mas vai entrar com recurso para tentar derrubar liminar.
Nascélia também declarou considerar mera “coincidência” o fato de parte dos outdoors do sindicato espalhados pela cidade estar justamente ao lado dos da campanha da Comaduec. “Não respondemos por eles. Falamos pelos servidores públicos municipais”, disse.
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