Duas bombas, programadas para causar o maior estrago possível, explodiram em uma vila de refugiados cristãos em Tentena, Indonésia, na manhã do dia 28 de maio, matando 21 pessoas e ferindo 49.
A primeira bomba explodiu por volta das 8h15, no mercado lotado Assim que amigos e parentes vieram correndo para auxiliar os feridos, uma segunda bomba explodiu perto da entrada do mercado.
Tentena está localizada no distrito de Poso, na Sulawesi Central. Desde o fim da década de 1990, as comunidades muçulmanas e cristãs ali e na Sulawesi do Norte têm experimentado períodos de extrema violência, seguidos por uma paz difícil. Mais de 1.000 pessoas pereceram no conflito antes que o Acordo de Paz Malino I fosse assinado em dezembro de 2001. Estudiosos acreditam que o último ataque pode impulsionar novas lutas na província.
Uma fonte local disse que o serviço telefônico em Tentena foi cortado imediatamente depois das explosões. "Isso tornou a situação ainda pior, já que o serviço telefônico, fornecido pela companhia telefônica do governo é o único meio de comunicação".
"Além disso, há apenas duas ambulâncias na cidade de Tentena e, com o número de pessoas necessitadas de tratamento imediato, um estresse maior foi causado em uma situação que já era de pânico".
Entre os que foram mortos estava Berni Tungkanan, 31, que morreu na primeira explosão
O pai de Berni Tungkanan, Paulus Tungkanan, foi comandante de uma milícia cristã em Sulawesi. Entretanto, ele desistiu de sua posição e se tornou um defensor da paz em 2001, na época em que o Acordo de Paz Malino I foi assinado.
O pastor Rinaldy Damanik também vive em Tentena. Uma semana antes da explosão, ele falou com os visitantes sobre a situação atual na Sulawesi e disse que ele estava otimista em relação ao futuro. Entretanto, as duas explosões certamente irão trazer um atraso ao processo de reconciliação entre as comunidades, cuja divisão é profunda.
Outra fonte em Tentena comentou: "Muitos acreditam que esse ato terrorista está ligado à eleição do cargo de Bupati, ou chefe do distrito, de Poso". Poso tem sido predominantemente cristão desde que o distrito foi dividido em duas partes, mas muitos muçulmanos são contra a divisão.
As explosões podem estar ligadas a um ataque anterior na Sulawesi Ocidental no dia 24 de abril. De acordo com uma reportagem do Jakarta Post, o ataque no subdistrito de Ranu, na regência predominantemente cristã de Mamasa, deixou quatro pessoas mortas e levou à captura de um suspeito chamado Amirrudin, 22 anos.
Na seqüência de sua prisão, Amirrudin admitiu ter tomado parte em uma unidade de comando terrorista composta por cinco homens, que realizou o ataque.
O general Saleh Saaf, inspetor chefe de polícia de Sulawesi do Sul, disse que foram encontrados documentos na posse de Amirrudin que revelavam um complô mais amplo, responsável por realizar ataques através do país. Os documentos continham instruções para fazer bombas caseiras e outras informações codificadas que a polícia planeja investigar mais.
Nos dias do ataque de 24 de abril, outras duas bombas foram dispostas em Poso, Sulawesi Central. No dia 3 de maio, a polícia prendeu três muçulmanos ligados às explosões de Poso.
De acordo com a reportagem da Rádio ABC da Austrália, no dia 3 de maio, os três suspeitos disseram à polícia que a missão deles era travar uma jihad, ou guerra santa, na província, para ressaltar a condição dos muçulmanos em todo o mundo.
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