Dois templos foram destruídos no dia 28 de junho, na ilha de Zanzibar, logo após os cultos.
Radicais muçulmanos incendiaram os dois templos, no que os líderes chamaram de “últimos acontecimentos em uma crescente intolerância religiosa”.
“Não queremos igrejas em nossas ruas”, estava escrito em um folheto deixado na porta de Charles Odilo, que cedeu o terreno onde estava localizado o templo da igreja Assembleia de Deus da Tanzânia. “Hoje nós queimaremos a igreja, mas se os cultos continuarem, incendiaremos sua casa também.”
Os líderes dizem que, com o progresso de movimentos cristãos em áreas predominantemente muçulmanas, a igreja Assembleia de Deus e o prédio da Comunidade Evangélica Pentecostal na África (PEFA) foram incendiados como um alerta violento.
A igreja da PEFA estava localizada na área de Kibondeni, e o templo da Assembleia de Deus estava na área de Fuoni. Samuel Salehe Malanda, pastor dos 30 membros da PEFA diz que o prédio também era utilizado como escola de jardim de infância nos durante a semana.
“Nesse prédio havia seis bancos e um quadro negro. As crianças não têm onde estudar. Para onde elas irão?”, questiona Malanda.
A construção do templo da PEFA estava em fase final quando Masoud Jecha, xeique assistente de Kibondeni, visitou Malanda e o ameaçou.
“Se você não interromper essa construção, iremos demolir o prédio”, Jecha disse ao pastor.
Malanda conta que a igreja prestou queixa do ataque à polícia, que abriu uma investigação. A congregação também procurou ajuda do líder do governo rural. O boletim de ocorrência feito pelos membros menciona os extremistas que desejam impedir o crescimento do cristianismo em Zanzibar.
Charles Odilo vive com medo dos militantes islâmicos queimarem sua casa, pois são conhecidos por cumprirem suas ameaças.
O pastor Paul Makungu que a igreja Assembleia de Deus que pastoreia tem 29 membros adultos e 13 crianças. Ele também registrou um boletim de ocorrência na polícia local, que está investigando os suspeitos, inclusive o chefe local.
O bispo Obeid Fabian, diretor de uma associação de igrejas disse que os cristãos em Zanzibar têm recebido diversas ameaças.
“Nesse último incidente, as ameaças foram feitas em panfletos. Em outros casos, jovens muçulmanos atiraram pedras nos telhados dos templos e insultaram os cristãos.”
“As igrejas afetadas desde que os ataques começaram em abril, estão em estado crítico”, diz Fabian. “Nós, como líderes de igrejas, temos muitas dificuldades em reunir os membros que estão dispersos pela falta de local para cultuar. A igreja precisa de apoio financeiro para conseguir lugares para os membros de reunirem em segurança. Mas isso não parece possível.”
Em Zanzibar existem diversas restrições para se conseguir terrenos para os templos, pregar em lugares públicos é ilegal, e o tempo para programas cristãos na televisão é limitado. Nas escolas do governo, não há ensino religioso cristão, apenas islâmico.
Zanzibar é a nomeação informal para a ilha de Unguja, no oceano Índico. O arquipélago de Zanzibar uniu-se com Tanganyika para formar a Tanzânia em 1964.
Mercadores muçulmanos do Golfo Pérsico se estabelecem na região desde o século X. A fusão causou uma antipatia com o cristianismo, pois os muçulmanos o viam como um meio de serem dominados pela Tanzânia.
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