Muitos cubanos se surpreenderam nesta terça-feira, 9, quando o líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro Ruz, dedicou uma de seus habituais "reflexões" ao discurso pronunciado na Universidade islâmica de Ao-Azhar, no Cairo, pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
As "Reflexões do colega Fidel", como se intitulam faz pouco tempo os comentários do ex-mandatário cubano, ocuparam nesta ocasião duas páginas completas, das oitos páginas, do tablóide oficial do comitê central do Partido Comunista de Cuba, "Granma".
O texto de Fidel também foi reproduzido no diário "Juventude Rebelde" e os principais noticiosos de rádio e de televisão fizeram referências às reflexões.
Castro sustentou que o discurso do mandatário estadunidense tem um "especial interesse" para "os que seguem de perto suas ações políticas, dado o enorme poder da superpotência que dirige".
Na análise do discurso de Obama, Fidel escreveu que "não se pode culpar o novo presidente dos Estados Unidos da situação criada no Médio Oriente", e que resulta "óbvio que ele deseja encontrar uma saída ao colossal embaraço criado ali por seus antecessores".
O ex-mandatário cubano afirmou que Obama "assume o cargo num momento excepcionalmente complexo de seu país e do mundo" e "trata de resolver problemas que talvez considere mais singelos do que realmente o são".
Destacou que "a raiz africana de Obama, sua origem humilde e sua assombrosa ascensão acordam esperanças em muita gente que, como náufragos procuram tábuas de salvação no meio da tempestade".
Castro, um fervoroso crítico da política estadunidense, reconhece que é correta a afirmação de Obama de que "qualquer regime no mundo que eleve uma nação ou grupo humano acima de outro inevitavelmente fracassará"
Mesmo com algumas reservas, Castro afirmou que ainda é cedo para emitir juízo a respeito do grau de compromisso com as idéias que Obama emite.
Mas Castro mencionou as citações de Obama do sagrado Alcorão, Corán", do Talmud judeu e da sagrada Bíblia, para apontar suas idéias de que "os povos do mundo podem viver juntos e em paz".
"Em determinado momento – escreveu Fidel - não sabia se estava numa catedral católica, numa mesquita ou numa sinagoga".
Muitos leitores avaliaram que talvez os cubanos estejam diante dos primeiros passos do desenvolvimento de um diálogo não-formal entre o ancião ex-presidente e o jovem primeiro presidente afro-americano na história da grande potência do Norte.
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