A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, citou a Bíblia na manhã de hoje ao falar do numero de jovens que realizam aborto por não terem assistência e culpou os governos tucanos por terem criado um “processo de desigualdade” que levou muitas famílias brasileiras a se “dissolverem”.
Ela visitou, em São Paulo, o Amparo Maternal, um lar de atendimento a jovens e adolescentes grávidas de baixa renda. O local é administrado por religiosos e mantido com recursos do SUS (Sistema Único de Saúde).
Dilma voltou a ressaltar que é contra o aborto e não enviará qualquer projeto ao Congresso que altere a legislação a respeito do tema.
A candidata afirmou que sua proposta é ampliar a rede de apoio em locais como o Amparo Maternal.
Dilma citou a Bíblia ao falar da “hipocrisia” de quem, segundo ela, finge que não vê que muitas jovens são levadas a praticar o aborto por falta de assistência.
“Se não se fizer isso [dar assistência] nós somos aquilo que a Bíblia chamou de ‘sepulcro caiado’ [uma metáfora bíblica para a hipocrisia]. Caia [maquia, embranquece], mas continua, no fundo, sendo sepulcro. Isso se chama hipocrisia. A hipocrisia é fingir que não vê que isso acontece, e acontece em todos os bairros pobres”, disse ela.
“Minha proposta é assegurar que as meninas e mulheres jovens “tenham apoio para ter seus filhos” e “não tenham essa coisa horrorosa que se chama medo e cheguem a esse ponto que é a eliminação da vida”.
INSINUAÇÃO
Dilma voltou a afirmar que é vítima de “uma deliberada confusão” e chegou a sugerir que os boatos tenham nascido na campanha de seu adversário, José Serra (PSDB).
“Antes tinham dez candidatos [sic; eram nove], você não sabia de onde vinham [os boatos]. Daqui para frente tem dois. Se continuar essa rede de boatos e intrigas, só pode vir do meu adversário”.
A candidata petista defendeu ainda que o tema do aborto não seja tratado como questão de polícia, mas como “questão de apoio e assistência social”. Ela disse lamentar que o segundo turno tenha começado pautado por divergências religiosas.
“Acho que houve um processo nessa eleição que contraria tudo que o Brasil conseguiu construir ao longo de quinhentos anos. Nós somos um país que nunca teve de fato conflito religioso. Querem criar contradição onde não tem e criar um clima de divisão no país. Eu considero que não honra a nossa democracia a tentativa de construir essa eleição em cima de divergências religiosas. Da minha parte eu tenho clareza de que o Estado é laico e é obrigado a respeitar todas as diversidades culturais e religiosas desse país”.
Segundo a ex-ministra “tão importante quanto a liberdade de opinião e de imprensa é a liberdade de crença e de religião”, disse.
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