O ministro das Comunicações, Issa Tchiroma Bakary, afirmou em 28 de agosto durante uma coletiva de imprensa que as igrejas se engajam em práticas "insalubres" e "indecentes", contrárias ao objetivo do crescimento espiritual das pessoas.
Bakary também denunciou "casos óbvios de extorsão de pessoas em situação desesperada", "repetidos tumultos noturnos" e "proselitismo". "Numa situação como essa o governo não podia ficar indiferente e inativo", disse. "As autoridades administrativas responsáveis ​​pela preservação da ordem pública tiveram de assumir a responsabilidade".
Em Yaoundé, a capital, cerca de dez igrejas tiveram suas portas fechadas. Na principal cidade no noroeste do país, Bamenda, que abriga uma alta proporção de cristãos, cerca de 20 igrejas foram afetadas. No total, 35 igrejas foram fechadas por todo o país, de acordo com Bakary.
O pastor Naida Lazare, presidente da Christian Media Network de Camarões, disse à World Watch Monitor que várias igrejas têm buscado a aprovação do governo há mais de dez anos, sem obter resposta. "Muitas igrejas e organizações cristãs têm buscado em vão sua legalização. Elas passaram por todos os procedimentos administrativos e legais, mas não receberam nenhuma notificação indicando a rejeição ou aprovação". "Em vez de culpar as organizações ou indivíduos cristãos, geralmente pessoas acima de qualquer suspeita, o governo se beneficiaria muito mais regulamentando essas associações, que têm esperado por isso há mais de uma década".
Camarões é um país laico da África Central. Quase 80% dos seus 20 milhões de habitantes são cristãos. A liberdade de culto e de religião é garantida pela Constituição, reforçada pela Lei n º 90/053 de 19 de dezembro de 1990, que regulamenta organizações religiosas.
Esta lei determina que o exercício do culto religioso esteja sujeito à aprovação do ministro de Assuntos Internos e à autorização do presidente. Desde a lei de 1990, as organizações pentecostais têm experimentado um crescimento notável. Dezenas de igrejas, geralmente ligadas à vizinha Nigéria, se estabeleceram no país.
Tal crescimento se deve ao fato de seguidores do catolicismo se juntarem aos movimentos pentecostais. Essas igrejas pentecostais são conhecidas por seu dinamismo e capacidade de mobilizar multidões.
É difícil saber o número exato de igrejas no país. Oficialmente, apenas 47 licenças foram concedidas entre 1990 e 2009 a igrejas e organizações cristãs, ao passo que cerca de 500 denominações estão funcionando em todo o país. "Isto significa que a esmagadora maioria dessas igrejas que estão enchendo nossas cidades e vilas existem ilegalmente, beneficiando-se da tolerância de nosso sistema administrativo", disse Bakary.
Dieudonné Abogo, presidente da União Pentecostal dos Camarões, reconhece que algumas igrejas são barulhentas. "O uso de música alta durante os cultos pode, de fato, perturbar os bairros em algumas áreas", disse Abogo. "Isso traz um grande prejuízo à reputação das igrejas reconhecidas oficialmente".
A decisão de fechar as igrejas não reconhecidas não é novidade em Camarões. Algumas igrejas pentecostais no país foram fechadas nos últimos anos pelas autoridades locais devido a queixas de moradores. Abogo disse que órgãos como a União Pentecostal de Camarões devem trabalhar com o governo para encontrar uma solução.
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