Um grupo de estudantes iranianos partiu para o Líbano nesta quarta-feira prometendo ajudar o Hizbollah em sua luta contra Israel, segundo contaram testemunhas.
Nos últimos anos, a linha-dura do Irã fez bastante estardalhaço a respeito do recrutamento de voluntários para operações de martírio no exterior, mas não há registro de qualquer iraniano envolvido em atentados no Iraque ou em Israel.
O exército do profeta Maomé está a caminho para lutar contra os sionistas, gritavam cerca de 50 voluntários no cemitério Behesht-e Zahra de Teerã, onde uma grande área cercada por árvores é dedicada aos mártires da guerra contra o Iraque (1980-1988).
Um grupo de 200 estudantes voluntários será enviado ao Líbano por meio da Turquia. Estamos partindo de Teerã hoje, de ônibus, disse à Reuters Amir Jalili, porta-voz do grupo. Esperamos que a Turquia nos deixe passar pela fronteira para que entremos na Síria. Se não der certo, voltaremos para Teerã.
O Irã é inimigo declarado de Israel e o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, já defendeu que o Estado judaico seja varrido do mapa. Mas, apesar de o governo israelense acusar os iranianos de armarem o Hizbollah, o país islâmico diz que apenas dá apoio moral ao grupo guerrilheiro libanês.
Os voluntários deixaram claro que sua iniciativa não tinha ligação com o governo. Segundo o grupo, que disse se chamar Movimento de Estudantes Defensores da Justiça, seus integrantes não possuíam treinamento militar.
Cerca de 50 estudantes entraram em ônibus que saíam de Teerã, e mais voluntários devem se juntar a eles em outras cidades na fronteira.
Autoridades iranianas disseram várias vezes que tais grupos não contam com a aprovação do governo e que têm liberdade para agir, contanto que suas idéias fiquem limitadas à teoria.
Somos um grupo independente. Desejamos ajudar nossos irmãos xiitas, disse Hadi, de 23 anos, estudante de literatura francesa, que carregava fotos do líder do Hizbollah, Sayyed Hassan Nasrallah. Nasrallah prometeu ampliar os ataques contra Israel.
Queremos cumprir nossos deveres religiosos. Se as autoridades nos proibirem de ir para o Líbano, vamos obedecer, disse um outro porta-voz do grupo, Morteza Assadi, antes de embarcar no ônibus.
Membros do Basij (uma milícia da linha-dura) presentes no cemitério disseram não ter intenção de agir contra Israel sem uma autorização prévia do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final a respeito de todos os assuntos do país.
É nosso dever religioso ajudar nossos irmãos muçulmanos. Mas precisamos, antes, da aprovação de nosso líder, afirmou Mohammad, um integrante do Basij que assistia ao encontro.
Apesar de o Irã ter custeado e apoiado o Hizbollah durante os anos 1980, o governo iraniano insiste que, na crise atual, não contribuiu com o envio de armas ou homens. Israel contesta, argumentando que armamentos iranianos foram usados contra seu território.
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