O advogado dos ex-membros da Igreja Maranata que denunciaram o esquema de corrupção dentro da administração da igreja, que desviava dízimos e ofertas, afirmou que a ação movida pela igreja é uma estratégia de desviar a atenção dos membros do esquema.
Leonardo Lamego Schuler, contratado pelos dissidentes, afirma que o grupo que representa não tomará nenhuma medida inicialmente, e aguarda o desenrolar dos fatos para, então, decidir suas ações: “Causa muita estranheza pedir R$ 2 milhões e processar apenas duas pessoas, quando há todo um sistema. Não vamos tomar nenhuma medida, fazemos isso apenas para dar satisfação ao público. Além de dízimos doados, são vidas dedicadas à igreja. Vamos fiscalizar a Justiça e esperamos que eles apurem mais profundamente essa situação”, questionou em entrevista ao G1, referindo-se às informações de que o desvio poderia ser de R$ milhões.
Em sua defesa, a Maranata afirma que as informações atuais são preliminares, e que a auditoria contratada até agora, descobriu documentos que apontam para o desvio de R$ 2 milhões. Porém, um ex-membro da igreja rebate as justificativas, argumentando que a liderança não aceita prestar contas: “Lá não se pode questionar nada. O pastor que saiu, saiu porque questionou o presidente acerca do desvio e foi afastado de todos os cargos. Está havendo cobertura da atual presidência, apesar do processo que corre em juízo e do procedimento administrativo aberto por eles mesmos”.
Entre os membros, as reações são as mais diversas. Sem se identificarem, declaram que não pretendem deixar de contribuir com a igreja: “Continuarei dizimando normalmente, a corrupção não pode abalar a fé”. Um outro acredita que corrupção é algo comum nas igrejas: “Acontece em diversas outras, mas por ser uma igreja centralizada é mais suscetível a isso”, afirmou, referindo-se à administração da Maranata, que é centralizada.
A rádio CBN publicou matéria revelando que parte dos fatos investigados, a compra de projetores eletrônicos no exterior no valor de R$ 330 mil, foi uma decisão tomada pela liderança da igreja com base em uma “visão”. A matéria explica que “visão”, no jargão evangélico, é uma maneira de referir-se às estratégias que devem ser adotadas com base no rito espiritual da igreja.
O advogado da igreja, Sérgio Carlos de Souza, entende que esse argumento foi usado para justificar os desvios, mas não acredita que a “visão” tenha realmente existido: “Deus não mostra caminhos para fazer algo errado. Para acobertar um procedimento ilícito, a pessoa conta qualquer tipo de história”, afirmou.
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