A Câmara dos Deputados da Espanha rejeitou nesta terça-feira, por 183 votos a 162, uma moção da oposição conservadora que pede ao governo a proibição nos espaços públicos do uso do véu integral islâmico. A decisão acontece semanas após parlamentares na França e na Bélgica terem votado a favor da proibição da vestimenta.
É a primeira votação do tema na câmara baixa do Parlamento espanhol, depois que a proposta foi aprovada pelo Senado em 23 de junho.
Apresentada pelo opositor Partido Popular (PP) e apoiada pelos nacionalistas catalães, a iniciativa defende a realização "das reformas legais e regulamentares necessárias" para proibir "o uso dos véus integrais, assim como quaisquer outros adereços que ocultem o rosto e dificultem a identificação da pessoa e a comunicação visual" em espaços públicos que não tenham finalidade estritamente religiosa.
"É muito difícil entender que seu partido defenda que é livre quem renuncia a sua liberdade e a sua identidade e muito difícil de entender que, enquanto nossas tropas lutam pelas liberdades no Afeganistão, o governo não tenha a coragem de defendê-las aqui, na Espanha", defendeu a porta-voz do Grupo Popular, Soraya Sáenz de Santamaría.
Opositores da proibição alegam que ela vai ferir a democracia e violar os direitos religiosos, enquanto defensores dizem que é uma questão de segurança nacional e de adaptação aos costumes locais.
Calcula-se que na Espanha residem mais de um milhão de muçulmanos, que representam cerca de 2,3% da população. Segundo fontes oficiais, 775 mil marroquinos residem legalmente na Espanha, o que a transforma na comunidade estrangeira mais numerosa do país.
No mês passado, Barcelona tornou-se a primeira grande cidade na Espanha, país de maioria católica, a proibir o véu integral em prédios públicos, como supermercados e bibliotecas, juntando-se às pequenas cidades de Lerida e El Vendrell, também na Catalunha, no nordeste espanhol.
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