O deputado federal Ricardo Izar (PTB/SP), presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, vai pedir, segunda-feira, a reabertura do processo que apura a responsabilidade do parlamentar Mário de Oliveira (PSC/MG) – pastor evangélico e presidente nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular – em um suposto atentado contra o colega Carlos Willian (PTC/MG). O plano para matar Willian, que também é pastor evangélico da mesma igreja, teria sido descoberto em 18 de junho, por policiais do 5º Distrito Policial de Osasco, durante uma investigação para apurar a execução de outro homem.
Izar disse que recebeu da Polícia Federal, que também investigou o caso, os documentos necessários para dar continuidade à apuração na Câmara, suspensa desde outubro passado, pela impossibilidade de ouvir testemunhas importantes, que se recusaram a comparecer às audiências . O parlamentar acredita que já na quarta-feira será possível analisar o caso no Conselho de Ética. “Recebi os documentos que faltavam para concluir essa apuração”, afirmou.
Entre as peças importantes estão dois depoimentos do obreiro Odair da Silva, que seria o homem apontado como o intermediário da contratação do pistoleiro identificado, até agora, apenas como “Alemão”. Além disso, os federais ouviram outras testemunhas e já encaminharam o conjunto das apurações ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde também foi instaurado inquérito para apurar as responsabilidades. A Polícia Federal não quis informar as suas conclusões já que o caso está sob segredo de Justiça, mas encaminhou toda a apuração ao STF no último dia 12.
Relatório
“Temos fatos importantes e novos, que não posso adiantar agora, para a conclusão e acredito que, com as informações da PF, a relatora Solange Amaral (DEM/RJ) tem toda a condição de concluir seu relatório”, afirmou Izar. O presidente do Conselho de Ética faz mistério sobre o desfecho final da intrincada história, mas deixa escapar: “Não sei se existe culpado ou se vai haver punição, mas até o momento não foi encontrado nada de concreto contra o deputado Mário de Oliveira. Agora, o desfecho será rápido”.
O pedido de abertura de processo contra o parlamentar-pastor Oliveira, por quebra de decoro, foi apresentado 10 dias depois da revelação do suposto plano, pelo PTC, partido de Carlos Willian, que se adiantou à Corregedoria da Câmara. A acusação se sustentava basicamente nas investigações da Polícia Civil de Osasco, que tomou o depoimento de Odair, preso em um shopping center. Odair teria confessado a contratação do pistoleiro Alemão, que escapou da prisão, para matar Carlos Willian. O depoimento teria detalhes, como as várias viagens que ele fez para acompanhar a rotina do parlamentar.
Entretanto, depois da divulgação do caso, Odair, que buscou proteção com Mário de Oliveira, refez seu depoimento e disse, desta vez à PF, que, na verdade, foi Carlos Willian quem tramou tudo para incriminar o presidente da Igreja Quadrangular. Os parlamentares e pastores Mário de Oliveira e Carlos Willian, que já foram parceiros políticos, se desentenderam em 2002 e, a partir daí, passaram a travar uma verdadeira batalha de acusações mútuas que chegou à tribuna da Câmara.
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