Os pré-candidatos democratas à Presidência querem aproveitar a celebração do aniversário de nascimento do defensor dos direitos civis Martin Luther King, nesta segunda-feira, para se dirigir aos afro-americanos, fundamentais em sua próxima disputa eleitoral, no estado da Carolina do Sul.
Na véspera da celebração do 79º aniversário de nascimento de Martin Luther King, tanto Hillary Clinton como seu rival mais direto, Barack Obama, que briga para se tornar o primeiro presidente negro do país, fizeram campanha em igrejas batistas de Nova York e Atlanta, respectivamente, para captar o voto afro-americano.
A comunidade negra é decisiva nas primárias democratas do próximo sábado, na Carolina do Sul, onde mais de 50% dos eleitores são afro-americanos.
Por isso, a comunidade negra é tão importante para Hillary e Obama, que brigam voto a voto desde o início da campanha eleitoral para representar o Partido Democrata nas eleições Presidenciais.
No começo da campanha, os dois pré-candidatos possuíam um forte apoio na comunidade afro-americana, mas as últimas enquetes indicam que a senadora por Nova York perdeu sua vantagem inicial e se encontra atrás de Obama.
Atualmente, 59% dos afro-americanos democratas apóiam Obama, contra 31% que preferem Hillary.
A ex-primeira-dama venceu no sábado o caucus de Nevada com 51% dos votos, contra 45% de seu principal rival, graças ao apoio do eleitorado feminino e do voto latino.
No entanto, Obama recebeu o voto de 83% dos eleitores negros, uma porcentagem que, se for repetida em uma semana, o transforma em favorito para as primárias da Carolina do Sul.
Para tentar reverter esse quadro, Hillary assistiu hoje a uma missa na histórica Abyssinian Baptist Church, no bairro do Harlem, em Nova York, e não deixou de citar Martin Luther King.
“Ele liderou a luta pela justiça econômica. Compreendeu que podemos acabar com muitas práticas discriminatórias que infelizmente marcaram e prejudicaram nossa história, mas temos de fazer muito mais”, afirmou.
Obama visitou a Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta (Geórgia), local de nascimento de Luther King, e onde o defensor dos direitos civis foi pastor de 1960 a 1968.
Em seu discurso, o senador por Illinois reviveu o espírito de unidade defendido em vida por Luther King, algo que os EUA ainda precisam para superar “um déficit”.
“Falo de um déficit moral, de um déficit de empatia”, disse Obama antes de se dirigir a outro comício na Carolina do Sul.
“As divisões, os estereótipos, a facilidade com a qual culpamos os outros por nossos erros, tudo isto nos tira dos desafios verdadeiramente importantes: a guerra e a paz; a desigualdade e a injustiça”, assinalou o senador.
“Não podemos permitir mais mentiras, medo e ódio. É um veneno que temos de eliminar da política. O muro tem que cair antes que seja tarde demais”, disse.
Curiosamente, Martin Luther King, Prêmio Nobel da Paz em 1964, foi recentemente motivo de uma discussão entre Obama e Hillary.
A ex-primeira-dama gerou controvérsia, principalmente entre a comunidade negra, após sugerir que a igualdade racial nos EUA foi conquistada graças ao fato de o presidente Lyndon B. Johnson ter assinado a lei de direitos civis em 1964.
Para muitos ativistas negros suas palavras minimizaram a influência e a contribuição de King ao movimento dos direitos civis durante a década de 60.
A campanha de Obama aproveitou a ocasião para acrescentar um elemento racial à disputa e distorcer “deliberadamente” as declarações de Hillary, segundo a senadora.
O Congresso dos Estados Unidos estabeleceu em 1984 o Dia Martin Luther King, e desde então seu nascimento, que ocorreu no dia 15 de janeiro de 1929, é lembrado todos os anos na terceira segunda-feira de janeiro.
Martin Luther King foi assassinado em Memphis, no estado do Tennessee, no dia 4 de abril de 1968. EFE cai mh
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