Seis pessoas foram detidas no dia 3 de maio com referência ao incidente ocorrido no dia 10 de fevereiro no estado de Orissa, na Índia, quando rasparam as cabeças de um pastor local e de oito mulheres cristãs em um esforço de publicamente marcá-los como convertidos hinduístas.
As nove pessoas foram levadas de suas casas e violentamente tonsuradas ou raspadas na coroa de suas cabeças, uma marca que possui significância religiosa na Índia e causou grande humilhação aos cristãos.
Um total de 35 aldeões foram intimados para o Primeiro Relatório de Informações, na delegacia de polícia de Tirtol, após o incidente. Alguns dos perpetradores eram parentes próximos das vítimas.
Uma detenção foi finalmente realizada após o ativista social, Priabir Kumar Das, da capital do estado de Bhubaneswar, ter protocolado o Litígio de Interesse Público (LIP) em nome das vítimas. Em resposta ao LIP, o Tribunal Superior de Orissa procurou um relatório da administração distrital.
Apesar das detenções, a atmosfera na aldeia de Dalit permanece tensa. O pastor Subas Samal foi previamente acusado de conversões forçadas em um caso envolvendo duas garotas que se converteram ao cristianismo há alguns anos e, então, deixaram suas casas quando suas famílias pressionaram-lhes a reconverter-se ao hinduísmo.
Conversão forçada é proibida sob a Liberdade de Orissa do Estatuto Religioso. Contudo, o pastor Samal afirmou em suas declarações ao magistrado local, que as acusações foram inventadas. As garotas apresentaram uma declaração escrita e juramentada afirmando que elas haviam se convertido por livre arbítrio.
Apesar das apelações, um mandado de prisão foi emitido contra o pastor Samal somente alguns dias após a apreensão dos aldeões responsáveis por tonsurá-lo.
Sete das mulheres tonsuradas e suas famílias ainda estão em acomodações temporárias, concedidas pela Igreja sobre o Monte Sião, em Bhubaneswar. As vítimas estão ansiosas, mas incapazes de voltar para os seus lares na vila Kilipal, porque a tensão entre os cristãos e os hindus ainda não diminuiu, contou o reverendo Sonathan Mohanty da Igreja sobre o Monte Sião a Compass. Todas elas estão fortes e crescendo na fé.
Este incidente veio à luz somente porque as vítimas vieram a Bhubaneswar, acrescentou o reverendo. Tais incidentes são comuns nas áreas rurais de Orissa, mas eles não são denunciados. Nós estamos orando para uma casa de abrigo na cidade, assim, cristãos perseguidos de tais áreas podem se refugiar e denunciar estas questões.
O Sindicato dos Direitos Civis do Povo (DCSP), uma organização de direitos humanos secular, liberou um relatório de verificação de fatos sobre o incidente em abril. O relatório confirmou que, os direitos fundamentais dos cristãos para escolher e praticar sua própria fé, como venerado na Constituição, foi violado sem escrúpulos. Tudo isto tem que ser visto na tela de fundo dos preconceitos, desconfiança e dúvidas que as pessoas abrigam contra outras religiões, a fim de fazer qualquer intervenção significativa e difundir a tensão existente.
O relatório também afirmou que tonsurar faz parte de uma campanha continua de inimizade religiosa pelas organizações Hindutva. A campanha violenta de ódio público, intolerância religiosa e xenofobia desencadeada pela suposta força Hindutva no estado, nos últimos tempos tem reforçado apoio aos perpetradores davendetta contra as minorias desafortunadas.
A função da polícia é inquestionável, afirmava o relatório. Suas declarações à equipe revelam uma tendência inerente contra as minorias; além disto, elas estão cheias de inconsistências. A delegacia de polícia local estava bastante ciente da tensão fervente, mas fez muito pouco para obter por preempção os incidentes desfavoráveis, ou propagar a tensão.
Uma das mulheres tonsuradas, a senhorita Sanjukta Kandi, descreveu sua experiência aos investigadores da PUCL. Eles vieram e nos arrastaram violentamente ao centro da vila . Nós protestamos, mas fomos violentamente arrastados, afirmou ela. Eu estava vestindo somente um sari e tive que segura-lo quando fui arrastada . você pode imaginar como aconteceu este evento.
Após sermos tonsurados o dia inteiro, tivemos que ficar dentro de casa, conta ela. Não podíamos ao menos apanhar água. Como poderíamos, quando fomos humilhados em público desta maneira? Como poderíamos caminhar na vila com nossas cabeças tonsuradas?.
Ao explicar o porquê eles tiveram que sair da vila, ela afirmou, Nós podíamos sentir que os aldeões estavam planejando realizar coisas mais perigosas. Eles simplesmente poderiam atear fogo em nossas casas à noite e todos nós morreríamos.
Uma de nós, Lata Samal, foi poupada de ser tonsurada porque ela estava em um estágio avançado de gravidez. Ela também veio conosco a Bhubaneswar e agora deu a luz a uma menina, adicionou a senhorita Kandi.
O senhor Pratap Chinchani, presidente do capítulo de Orissa da Associação Legal Cristã, afirmou que ele planejou tomar medidas contra os perpetradores. Eu fiz uma queixa diante da Comissão de Direitos Humanos Nacional e do Comitê a Nível Estadual sobre a Harmonia Pública a respeito do incidente, contou a Compass. Eu arquivarei uma petição no tribunal superior após as ferias de verão.
Auxílio-ação (Action Aid), uma organização secular, também procurou as vítimas a fim de oferecer assistência legal.
Entretanto, o reverendo Mohanty prefere uma resolução pacífica para esta tensão, afirmando que a perseguição dos aldeões somente contribuirá com a tensão entre as comunidades hinduístas e cristãs.
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