ARGÉLIA – Autoridades argelinas acusaram seis cristãos de distribuir material religioso ilegal e os detiveram na saída de uma reunião de oração, na semana passada.
Os protestantes foram acusados de “distribuir documentos para minar a fé de muçulmanos”, de acordo com um documento por escrito emitido por um tribunal no sábado, 10 de maio, antes que os homens fossem liberados na cidade de Tiaret para aguardarem o julgamento em liberdade. A primeira audiência deles está marcada para o dia 27 de maio.
Durante a permanência dos detentos em uma delegacia de polícia local, oficiais os ameaçaram repetidamente a se converterem do cristianismo para o islã, de acordo com o relato de um dos cristãos. “Eles disseram que nós éramos cúmplices de espiões judeus e que por isso nós merecíamos ter nossas gargantas cortadas sem piedade”, disse Djillali Saibi.
A acusação cita a lei religiosa de 2006, internacionalmente criticada por restringir a liberdade religiosa. A polícia argelina e governos provincianos evocaram a Ordenação 06-03 para justificar várias apreensões e fechamentos de igreja nos últimos meses.
Pelo menos 10 protestantes que vivem ou visitam Tiaret foram detidos ou condenados desde fevereiro desse ano. Aproximadamente metade das congregações protestantes do país receberam ordens para fechar (leia mais).
A polícia também ordenou que um pequeno grupo de ex-muçulmanos convertidos para o cristianismo parasse com as reunião particulares em dezembro passado.
Alarme falso
Funcionários disseram que uma bomba havia sido plantada em uma das casas dos cristãos. Entretanto, os membros de igrejas locais disseram que a ameaça de bomba era uma desculpa da polícia para retirá-los do local. A Ordenação 06-03 exige que cultos e reuniões de igrejas aconteçam em edifícios sancionados pelo governo.
Cristãos disseram que eles continuam se reunindo em pequenos grupos para oração. Um dos grupos foi seguido pela polícia e os participantes da reunião foram presos no dia 9 de maio.
Djillali Saibi contou que os homens foram mal tratados e não puderam telefonar para a família, um direito garantido pela lei argelina. Além de ameaças da polícia local, ele disse que o promotor público os insultou no dia seguinte. “Ele nos perguntou por que nós deixamos o islã, se era por dinheiro e quanto havia sido pago”, afirmou.
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