O líder de 12 aldeias no Estado de Madhya Pradesh, incluindo a vila de Nadia, onde duas cristãs foram estupradas em 28 de maio, exige que cristãos renunciem a sua fé ou deixem a aldeia, segundo informou um contato local.
Pandya Patel enviou dois representantes à vila de Nadia em 6 de junho para exigir que os cristãos abram mão de sua fé ou deixem o local imediatamente - sem levar nada.
"Patel também avisou outros aldeões que se alguém dissesse algo para a polícia sobre ele ou sobre os estupradores, seria expulso da aldeia - independente de sua religião", disse o contato, que pediu para não ser identificada.
Ele disse que os aldeões estão irados com o estupro.
A população total das 12 aldeias é de aproximadamente 10 mil pessoas, das quais menos de 100 são cristãs.
Para impedir a empatia com as famílias cristãs da vila de Nadia, Patel alegou que os missionários estavam oferecendo motocicletas e empregos para os hindus, a fim de atraí-los para o cristianismo.
"Na realidade, os cristãos dessas aldeias têm enfrentado intimidação, ameaças e violência nos últimos três anos", explicou um aldeão. "Em 2003, três famílias cristãs de Nadia foram multadas em 14 mil rúpias (304 dólares) por terem se tornado cristãs".
Até o dia 9 de junho, a polícia não tinha detido ninguém pelo estupro. O inspetor O. S. Thakur, da delegacia de Khargone, não estava disponível para comentar o assunto. Um policial, entretanto, confirmou que, embora as vítimas tivessem identificado os estupradores pelo nome, nenhuma prisão foi feita.
Confronto em entrevista
Em 5 de junho, Indira Iyengar, membro da Comissão de Minorias de Madhya Pradesh, levou as vítimas do estupro para Bhopal, capital do Estado, para se encontrarem com o governador. Ela também organizou uma entrevista coletiva para destacar o incidente na mídia local.
Membros do grupo extremista hindu Bajrang Dal interromperam a entrevista e advertiram Indira para não acusá-los de atacar os cristãos. Enquanto os extremistas vandalizavam o local, Devender Rawat, Bajrang Dal, teria dito a Indira: "Não vou permitir que você manche a imagem das organizações nacionalistas hindus".
A Comissão de Minorias então enviou uma notificação para Indira, em 6 de junho, pedindo que ela explicasse o incidente.
O presidente da comissão, Anwar Morhammed Khan, disse que Indira tinha falhado ao tocar no assunto em uma entrevista coletiva.
"O presidente não tem o direito de me mandar uma notificação. Eu fui nomeada pelo governo, que pode, se quiser, me demitir", disse Indira ao Compass. "Como membro da comissão, tenho direito de usar qualquer tribuna para mostrar ao público os incidentes de violência contra a comunidade cristã."
Clima de impunidade
"A situação em Madhya Pradesh está se tornando mais frustrante", disse John Dayal, membro do Conselho Nacional de Integração da Índia. "A Comissão de Minorias de Madhya Pradesh deveria ser demitida e o presidente deveria entregar o cargo por não conseguir lidar com o crescente índice de violência contra os cristãos".
John Dayal disse que o governador do Estado deveria agir, já que o ministro-chefe e outros políticos falharam. Como representante do presidente e da União da Índia, o governador é responsável por assegurar que as garantias constitucionais de liberdade religiosa sejam implementadas no Estado, ele disse.
"Também me surpreende o silêncio dos grupos de direitos humanos e da sociedade civil no Estado que parecem estar tomando esse problema superficialmente - como se as minorias fossem algo sem importância", completou Dayal.
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