Conforme já noticiado no início de outubro, o estado boliviano de Santa Cruz teve seu primeiro município a declarar a autonomia indígena, aproveitando uma disposição legal na constituição de 2009. Para os cristãos que nasceram e vivem nesta tribo, isso pode ser motivo de grande preocupação.
Mas o que isso significa, em bases práticas, ao cristão indígena no país? A exemplo de países como Colômbia e México, que também declararam a autonomia indígena, esse autogoverno pode significar a imposição da religião tribal e a proibição da prática de outras religiões. Ou seja, os cristãos que vivem nas tribos podem ser perseguidos, forçados a voltar à religião de seus antepassados e até mesmo expulsos de suas casas ou mortos.
Na Colômbia, desde que esse direito dos povos indígenas foi declarado em 1991, os direitos da minoria cristã em comunidades indígenas têm sido sistematicamente violado. As tribos indígenas colombianas têm sua própria jurisdição, o que significa que essas violações e perseguições são julgados pelos próprios chefes tribais. Isso não dá a oportunidade do cristão de reclamar seus próprios direitos, ficando à mercê da decisão da tribo, que na maioria das vezes o expulsa de sua casa e suas terras.
Foi o que aconteceu com a família de Rafael*. Ele e os três irmãos nasceram em uma tradicional tribo no norte da Colômbia. Seus pais se tornaram cristãos e toda a família decidiu seguir a Jesus. Decisão que custou a vida de seu pai, que não negou a Jesus mesmo diante da morte, e a expulsão do restante da família, que teve de deixar para trás sua casa, terras, plantações e criação de animais. Sem ter como sobreviver – uma vez que a subsistência da família vinha da terra onde moravam – os filhos foram obrigados a se separar da mãe, que continuou vivendo em uma comunidade próxima à tribo, e foram para outras regiões do país. O jovem colombiano, hoje com 21 anos, conta que foi um momento de difícil adaptação, mas que não deixa de pensar em voltar à tribo, para falar do amor de Jesus para seus amigos e familiares.
Recentemente, mais 164 famílias do Estado de Chiapas, no México, tiveram que deixar suas casas por causa da fé cristã. Há relatos de outros 30 novos casos de deslocamento. Muitos cristãos mexicanos que vivem em comunidades indígenas vêm sendo atacados fisicamente e os casos de expulsão de famílias aumentam a cada dia. Há dois meses, 11 pessoas de uma mesma família foram assassinadas em Puebla, cidade oficialmente conhecida como Heroica Puebla de Zaragoza.
O futuro dos cristãos indígenas da Bolívia pode seguir o exemplo de seus vizinhos latinos.
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