Recentemente, um grupo militante desconhecido realizou vários ataques na República Democrática do Congo, levantando a suspeita de que uma nova organização jihadista esteja agindo no continente africano. No último ataque, ocorrido há pouco mais de uma semana, pelo menos 50 pessoas morreram, na aldeia de Rwangoma, na cidade de Beni. Foi o ataque mais violento, desde 2014. As vítimas foram amarradas e agredidas até a morte. Há vários grupos de extremistas islâmicos atuando no Congo, a fim de exterminar com os cristãos, principalmente no Nordeste do país, onde há muitos sequestros e assassinatos.
Cidadãos congoleses foram às ruas protestar contra o governo, carregando um dos corpos e cantando músicas antigovernamentais. Na semana passada, o presidente do país, Joseph Kabila, visitou a região e disse que iria trabalhar pela paz. Não é possível obter mais informações sobre as vítimas, porque os comércios que disponibilizam internet à população permanecem fechados. Um dos colaboradores da Portas Abertas, porém, descreveu a situação da província de Kivu, onde esteve em visita, poucos dias antes dos incidentes.
Cenário de guerra
"Chegando lá, me deparei com uma situação de extrema miséria. A maioria dos habitantes é de cristãos. Estive em outras cidades também, mas por conta da perseguição religiosa, há lugares onde é proibido visitar. Viajando para o lado Sul, onde normalmente eu apreciava a paisagem, vi edifícios destruídos e pequenas vilas totalmente exterminadas. Vi casas e empresas que estavam trancadas com cadeados pelo lado de fora, provavelmente para proteger os bens que lhes restaram. Ao longo do caminho havia alguns postos militares improvisados funcionando, os soldados com suas armas nas mãos. O clima era realmente tenso", disse o colaborador.
O trabalho das igrejas
Em Beni, alimentos e abrigos são escassos, ainda mais porque a cidade abriga a maior parte das pessoas deslocadas internamente. Famílias estão vivendo amontoadas e vulneráveis aos ataques. "Cerca de 80% delas possuem fazendas, mas não podem chegar até elas porque é muito perigoso, há militantes por todos os lugares. A igreja tem trabalhado arduamente para ajudar essas pessoas, mas a crise é geral, os pastores também estão enfrentando a miséria dentro de suas próprias casas, e ainda uma pressão adicional, pois são procurados a todo instante por pessoas que buscam ajuda e alívio. Nós não entendemos por que isso está acontecendo", lamentou Jean*, um líder cristão local.
Awuzo*, outro líder relatou: "Havíamos voltado para casa há pouco tempo, eu, minha esposa e nossos sete filhos. Agora estamos em fuga novamente. Quando a situação fica tensa, fugimos para nos proteger. É dessa forma que vivemos agora, estamos sempre em estado de alerta". Até agora, 9 igrejas foram fechadas em Beni, e as que permanecem abertas, recebem poucos fieis. "Onde havia 350 membros, hoje há no máximo 10. Por favor, orem pela nossa situação", pede um dos líderes.
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