Em meio a um clima agravante de impunidade, o Sri Lanka entra em uma guerra civil. Militantes budistas mantêm a campanha contra o cristianismo, atacando igrejas e ameaçando escolas cristãs.
Depois da rápida deterioração da lei e da ordem, os cristãos do Sri Lanka pediram ajuda à comunidade internacional.
O pedido foi seguido de um ataque na quarta-feira, 8 de novembro, por grupos armados do Sri Lanka. Os refugiados se abrigaram em uma escola em Kathiraveli, cidade que fica na costa oriental do distrito de Batticaloa. Segundo o exército, houve um ataque de artilharia pesada contra a escola que matou 60 civis e feriu outras 600 pessoas.
Equipes de socorro recolheram 40 corpos, incluindo seis bebês entre 3 e 6 meses.
O bispo de Colombo, reverendo Duleep Chickera, disse que o ataque a pessoas que já haviam sido forçadas a deixarem suas casas faz parte de uma onda de conflitos que se alastra por todo o país.
Na quinta-feira (dia 9), membros da Aliança Nacional Tamil protestaram na escadaria do escritório das Nações Unidas em Colombo, pedindo uma ação urgente do órgão para "impedir o genocídio contra os Sri Lanka tamis".
No dia seguinte, como resposta, um homem armado disparou e matou Nadarajah Raviraj, advogado e membro do parlamento que participou do protesto. Raviraj havia feito duras críticas à matança sistemática de políticos, jornalistas, ativistas e civis tamis nos últimos meses.
A campanha dos budistas contra igrejas e escolas cristãs tem se intensificado e beira a anarquia.
Natal cancelado
No final de outubro, o grupo que se identifica como "uma organização de proteção a crianças" enviou cartas a escolas protestantes e católicas nos arredores de Colombo exigindo que elas cancelassem as comemorações de Natal de sua agenda.
Um porta-voz de uma das escolas católicas contou que a carta afirmava que haveria "sérias conseqüências", caso os eventos de Natal não fossem cancelados. Outras escolas receberam ligações anônimas para que as festividades fossem suspensas, sob a ameaça de "ações severas".
Pelo menos uma carta enviada a uma escola católica convocava as crianças a sacrificarem a festa cristã para enviar dinheiro às forças de segurança que estão em serviço no norte e leste do Sri Lanka.
Em apoio à Igreja Católica, o irmão Cyril Gamini Fernando, disse que forçar as escolas a cancelar as atividades do Natal constitui uma violação dos direitos democráticos. Segundo ele, esses programas são um divertimento e uma experiência de "enriquecimento espiritual" que não deveriam ser suspensos, principalmente para crianças que vivem em regiões de conflito.
Igrejas queimadas
No dia 29 de outubro, durante um culto de domingo na Assembléia de Deus, igreja que fica em Yakkala, Gamapha, cerca de 50 pessoas comandadas por quatro monges invadiram a reunião. O chefe dos monges e o grupo exigiram que o pastor encerrasse aquele e os próximos cultos, alegando que Yakkala era um vilarejo budista e que não necessitava de uma igreja cristã.
Os monges acusaram o pastor de oferecer dinheiro aos moradores em troca da conversão deles. O pastor negou as acusações e reiterou o direito de liberdade dele e dos demais membros da igreja de escolherem uma religião para praticar. No entanto, depois de sofrer ataques físicos no meio da congregação, ele concordou em cancelar a reunião daquele dia.
Os monges deram um ultimato: "Fechem a Igreja ou sofrerão sérias conseqüências".
O pastor fez uma queixa à polícia. Desde o dia 5 de novembro não se registram incidentes nas reuniões, mas as ameaças continuam. No ano passado essa igreja já havia passado por problemas similares.
Na noite de 14 de setembro, a Igreja do Glorioso Senhor Jesus Cristo de Mannar foi incendiada. Os fortes ventos dificultaram a contenção das chamas e a igreja ficou totalmente destruída.
Militantes budistas mantiveram ameaças ao pastor da Igreja do Avivamento do Rei, em Piliyandala, e no dia 17 de setembro seu carro foi depredado.
Os vizinhos da Assembléia de Deus em Bolaththa fizeram uma queixa oficial à polícia em setembro, reclamando que os cultos perturbam a comunidade. A polícia intimou o pastor a depor no dia 27 de setembro e o aconselhou a fazer o mínimo barulho nos cultos.
Essa igreja passou por uma tremenda oposição no ano passado com mobilizações freqüentes para evitar que as pessoas fossem aos cultos.
Em Jaffna, cristãos contam que, para evitar uma rebelião tamil, o governo resolveu isolar a multidão e instalou barricadas nas estradas que efetivamente dividiram a península, deixando-os numa espécie de "prisão aberta". O problema é que esses bloqueios também impedem a passagem de equipes de socorro e gêneros de primeira necessidade, como comida e medicamentos aos refugiados.
No início do ano, em Jaffna, forças governamentais revistaram a igreja do padre Jim Brown, à procura de rebeldes tamis entre os refugiados abrigados naquele local. Pouco tempo depois, o padre, de 34 anos, simplesmente desapareceu e já está sendo dado como morto.
O reverendo Thomas Savundaranayagam, bispo de Jaffna, contou que os membros da igreja ainda estão profundamente "deprimidos e desesperançados" com o desaparecimento de Brown.
No limite da guerra civil e da perseguição suja, os cristãos do Sri Lanka temem mais atentados contra a liberdade de culto. Falta tempo para polícia e governo intermediarem as disputas religiosas.
Situação grave
O grupo pela Libertação dos Tigres Tamis de Eelam (LTTE) iniciou sua luta pela independência no nordeste do país depois de uma onda de violência que eclodiu contra a população tamil em 1983. A briga foi retomada no início de abril, seguida de uma trégua firmada pelo governo com os líderes do LTTE.
Pelo menos 80 mil pessoas morreram neste conflito nos últimos 23 anos, número que agora inclui outros 1.500 civis mortos desde janeiro de 2006.
A retomada das hostilidades tem causado o abandono de muitos lares. Enquanto Kathivareli abriga cerca de 5 mil refugiados, um alto comissário das Nações Unidas estima que mais de 200 mil pessoas tenham deixado o norte do país desde abril.
Um porta-voz da Aliança Nacional Cristã Evangélica do Sri Lanka (NCEASL) comparou a situação atual ao massacre do Camboja nos anos 70, quando milhares de civis foram dizimados enquanto o mundo fechava os olhos.
Com a escalada da guerra civil, assassinatos e seqüestros tem aumentado. A NCEASL divulgou um boletim no dia 13 de novembro: "Esses não são incidentes isolados, o aumento da violência tem prevalecido no Sri Lanka . Nós chamamos o governo do Sri Lanka para impor a lei e a ordem, agindo com rigor... é preciso pôr um fim nesses atos de barbaridade para que possamos voltar a nos orgulhar como nação".
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