O diversificado corpo Cristão, como seria de esperar, respondeu às notícias da vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais com uma reacção heterogénea – alguns congratulando o próximo presidente, outros querendo colocar de lado as diferenças para trabalhar juntos, e outros ainda insistindo em desafiá-lo quando ele assumir o cargo.
O Conselho Nacional de Igrejas dos EUA (NCCUSA, sigla em Inglês), uma rede de trabalho de 100,000 congregações locais com tendências de esquerda, felicitou o presidente eleito Obama e prometeu apoiá-lo nos tempos difíceis vindouros em que ele tentará dirigir o país para longe de águas perigosas nas quais se encontra actualmente.
“Sr. Presidente eleito, os 45 milhões de Cristãos representados pelas comunhões-membro do Conselho Nacional de Igrejas estão prontos para trabalhar consigo para responder às realidades que um Deus amoroso coloca diante de nós cada dia,” declarou Michael Kinnamon, secretário geral da NCCUSA, numa declaração divulgada na Quarta-feira.
Em particular, ele apontou para as questões sociais como a pobreza, educação, e os cuidados de saúde.
“Todos nós dependemos do amor misericordioso de Deus, e iremos orar regularmente por si e pelas outras pessoas eleitas para altos cargos de liderança”, escreveu o líder do NCCUSA.
“Que a sua sabedoria e discernimento o sirva bem, e a sua saúde nunca enfraqueça.”
Mas a direita religiosa teve um tom muito diferente reagindo à vitória eleitoral de Obama.
A Focus on the Family, a mais importante organização religiosa de direita, ficou contente por Obama não ter alcançado um Senado com 60 assentos Democratas que lhe permitiria fazer passar legislações no Senado com pouca oposição.
Apesar do Partido Democrata ter uma sólida maioria, tanto na Câmara como no Senado, não possui a maioria necessária de 60 assentos que daria ao Líder da Maioria Harry Reid o poder de invocar “cloture,” um procedimento através do qual o Senado pode decidir fixar um tempo limite para apreciação de um projecto de lei ou de outro assunto, e pôr fim a uma obstrução Republicana.
Os resultados do Senado combinados com a aprovação de três emendas estaduais proibindo o casamento de homossexuais “dão razões aos eleitores para ficarem atentos aos desenvolvimentos no Capitólio,” escreveu a FOTF Action na sua homepage Eleitoral.
“Deus pode usar qualquer presidente para os seus próprios fins”, incentivou Tom Minnery da Focus Action durante um programa especial sobre as eleições.
Entretanto, Tony Perkins do Conselho de Pesquisa Familiar (FRC, sigla em Inglês), outro grupo conservador proeminente, incentivou os eleitores a continuarem a orar pela América e não desanimar.
A ex-funcionária do FRC Dra. Charmaine Yoest, que é actualmente presidente e CEO da organização Americanos Unidos pela Vida (AUL, sigla em Inglês), felicitou o Senador Obama pela sua vitória, mas realçou as suas acções contraditórias em relação ao direito ao aborto.
Apesar de Obama ter pedido “terreno comum” na questão do direito ao aborto durante a sua campanha, disse Yoest, ele prometeu à organização Planned Parenthood que o seu primeiro acto como presidente será assinar a Lei de Liberdade de Escolha (FOCA, sigla em Inglês), que eliminaria qualquer lei estadual e federal que regulamenta o aborto.
“Iremos continuar a trabalhar nos dias vindouros para educar os Americanos sobre a ameaça ao senso comum que a FOCA representa,” prometeu o presidente da AUL. “E iremos fazer causa comum com os defensores da vida em ambos os partidos Democrata e Republicano, plenamente empenhados no derradeiro objectivo de ver ambos os partidos dedicados à defesa da vida.”
As sondagens à boca da urna revelam que 74 por cento dos evangélicos ou Cristãos nascidos de novo brancos votaram a favor do candidato presidencial Republicano, o Senador John McCain, e 24 por cento votou a favor do Senador Barack Obama, de acordo com a CNN. Vinte e seis por cento dos eleitores Americanos descreveram-se a si próprios como evangélicos ou Cristãos nascidos de novo.
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