''Na sexta-feira, recebemos notícias de que o prédio onde está localizada nossa livraria foi atingido por um míssil”, confirmou a Sociedade Bíblica da Palestina (SBP) na segunda, 12 de janeiro.
“O quarto andar do prédio foi atingido, mas a livraria e o centro comunitário, localizados no térreo e no primeiro andar, não sofreram danos. Ainda é necessário verificar se o ataque não causou nenhum dano estrutural interno. Não foi relatada nenhuma vítima ou pessoa ferida”.
Em uma conversa com a Portas Abertas pelo telefone, o pastor Hanna Massad, líder da igreja Batista em Gaza, mostrou que qualquer pessoa pode ser uma vítima. Ele compartilhou: “Há alguns dias, ouvimos sobre um cristão que estava sentado, tomando chá com seu vizinho em seu prédio. O cristão foi chamado por sua esposa. Alguns instantes, após ter descido, um míssil caiu, abalando o prédio e suas fundações. Quando o cristão voltou aonde estivera, viu que o lugar foi diretamente atingido pelo projétil. Seu vizinho morreu instantaneamente”.
“Normalmente, os andares mais altos do prédio são os mais danificados quando cai um míssil”, explica outro líder da igreja que é originalmente de Gaza. Ele freqüentemente entra em contato com sua igreja lá.
“Devido ao risco crescente, muitas pessoas se reúnem no andar térreo de seus prédios durante a noite. Amontoam-se em dúzias na escada; isso lhes dá uma sensação de segurança”.
A Portas Abertas soube por Labib Madanat, diretor de desenvolvimento da Sociedade Bíblica em Israel e Palestina, que o hospital anglicano em Gaza, localizado próximo à livraria da SBP, ainda está em operação.
Labib diz: “Ainda estão funcionando, mas falta remédios e itens de necessidade diária, basicamente precisam de tudo”.
A falta de energia elétrica em Gaza também é preocupante. No entanto, parece se estabilizar aos poucos, com aproximadamente quatro horas de fornecimento por dia.
Em declaração para o site www.j-diocese.org, o reverendo Suheil Dawani, bispo anglicano em Jerusalém, confirma a situação do hospital: “Todos os dias, desde o início das operações militares, o hospital anglicano al-Ahli Arab recebe de 20 a 40 pacientes feridos ou machucados, além de doentes não relacionados ao conflito. Cerca de 25% dos pacientes são crianças”.
Ele acrescenta: “O conflito criou um novo tipo de condição médica e cirúrgica. Pacientes com queimaduras e cortes, apresentando trauma psicológico, tornaram-se mais freqüentes. Por não ser possível que voluntários entrem em Gaza nesse momento, a equipe do hospital está trabalhando muito, lutando contra os efeitos da exaustão e recursos limitados em uma área de conflito e operações militares recorrentes. Eles precisam de muitos materiais médicos, principalmente curativos e suprimentos para queimaduras e traumas. As janelas do hospital quebraram-se devido aos impactos de bombas e mísseis. Faz muito frio no prédio”.
De acordo com um obreiro da Portas Abertas, a Igreja em Gaza não está mais se reunindo. Ele diz: “Por causa do perigo da situação, as pessoas ficam em suas casas e os cristãos não se reúnem mais para os cultos. Por telefone, eles tentam manter contato e orar uns pelos outros. Fora de Gaza, os cristãos tentam falar com a família e com os amigos pelo telefone para dar as últimas notícias, orar e encorajar um ao outro”.
A respeito da situação de Pauline Ayyad, viúva de Rami Ayyad, gerente da livraria em Gaza morto em 2007, Labib Madanat confirmou: “Pauline e as crianças chegaram bem e a salvo em Belém na véspera de Natal. Eles ficarão em Belém até as coisas se acalmarem”.
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