Cinco homens e uma mulher que se negaram a integrar a igreja oficial vietnamita foram espancados e presos. A Fundação Montagnard, que se dedica à preservação da comunidade indígena da região central do Vietnã, afirma que o governo do país continua a usar as leis religiosas para manter o controle sobre as pessoas.
A Fundação Montagnard sugere que o departamento de Estado norte-americano reconsidere a classificação anterior em que o Vietnã figurava como um "país de preocupação específica" na lista de nações em que são registradas as mais terríveis violações de liberdade de culto.
Embaixadas, a Cruz Vermelha e outras agências de ajuda humanitária também estão sendo informadas sobre a urgência do estado de saúde das vítimas de abusos e maus tratos que estão nas prisões, sobretudo os prisioneiros montagnard.
A organização está chamando a atenção das embaixadas e da comunidade internacional para o pedido de libertação dos presos que ainda estão sob custódia, principalmente os 350 prisioneiros degar, detidos por atividades religiosas e políticas.
Além disso, o grupo pede que a comunidade internacional não se canse de lutar por uma presença humanitária efetiva das mais altas organizações dos Estados Unidos, da ONU e de ONGs internacionais no sentido de identificar e denunciar os motivos da perseguição contra os povos indígenas degar.
Exemplos de abusos se repetem
No dia 5 de abril, um cristão degar de nome Siu Eng, 38 anos, da vila de Plei Hluh, foi preso em sua casa por volta das 6h30 por dois policiais, identificados pelo nome de Vu e Chung. Em um comunicado à imprensa, a Fundação Montagnard informou que "o motivo para a prisão de Siu Eng é que ele pertence a uma igreja doméstica e se recusou a fazer parte da igreja oficial reconhecida pelo governo".
Segundo a entidade, os policiais o levaram ao posto de polícia e o espancaram sem piedade, usando técnicas de caratê, chutes e socos até que ele perdesse a consciência. "Os pais de Siu o visitaram no dia 7 de abril, viram seu rosto inchado e o corpo coberto por manchas de sangue. A família levou comida, mas ele mal conseguiu abrir a boca e só pode ser alimentado com leite de soja." Siu Eng continua preso e não se sabe como está o seu estado de saúde.
O mesmo tipo de agressão e procedimento ocorreu no dia 5 de abril, com outro cristão degar, Rahlam Piom, 31 anos, da vila de Plei Com. Ele também foi preso pela manhã, levado ao posto policial, espancado e mal conseguia abrir a boca para se alimentar, por causa dos ferimentos.
Num outro tipo de emboscada, Rahlan Pyap, 32 anos, um cristão degar da vila Plei Hluh, foi chamado no dia 11 de março a comparecer ao posto policial local. Lá foi informado de que deveria seguir a religião oficial reconhecida pelo governo de Siu Kim e Rcom Boi, caso contrário, seria severamente punido. Ele se recusou. Os policiais começaram a dar socos e esbofetearam seus ouvidos na tentativa de furar o tímpano. Rahlan foi solto no dia 23 de março. A mesma agressão e abordagem foi praticada contra Rcom Mrin, 47 anos, da vila de Plei Khop, e Rmah Hlip , 37 anos, de Plei Hluh.
Presas uma mãe e a filha de seis anos
Rahlan H"Per, 28 anos, da vila de Plei Com, foi intimada a comparecer ao posto policial para explicar por que estava se comunicando com os Estados Unidos. Ela explicou que só estava fazendo contato com o marido. A polícia a alertou a seguir a igreja oficial, sob a pena de ser presa. Rahlan ficou calada e imediatamente recebeu voz de prisão.
Na manhã seguinte sua mãe e sua filha de seis anos de idade foram visitá-la na cadeia. Os policiais pegaram a criança da avó e a prenderam junto da mãe. Mãe e filha foram soltas no dia 16 de março.
Perseguição aos cristãos degar
Os povos indígenas degar (conhecidos pelo termo francês montagnard) sofrem há décadas com a perseguição do governo comunista, que inclui o confisco de suas terras ancestrais, a repressão à religião cristã, além de tortura, morte e prisão.
Atualmente mais de 350 prisioneiros degar permanecem nas cadeias vietnamitas por lutarem por seus direitos, por difundir o cristianismo ou por fugir para o Cambodja. Muitos desses presos foram submetidos a choques elétricos e tortura, assim como tiveram negado o acesso a alimentos e cuidados médicos.
As autoridades continuam a perseguir membros do movimento de igrejas domésticas cristãs e em muitos casos acabam matando os presos por danificarem órgãos vitais durante os espancamentos. Em todo o planalto central vietnamita, a população degar continua a sofrer abusos cometidos por soldados e pela polícia.
Um documento do governo vietnamita a Central para Assuntos sobre Religião, de 2006, diz que "aqueles que são hostis e resistem a ameaças extremas devem ser denunciados à sociedade para explicarem suas atividades de destruição do país, de divisão de grupos étnicos e suas outras ações ilegais".
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