Os parentes de três cristãos foram mantidos em campos de trabalho no continente da China e apelaram às autoridades locais por uma explicação de seus crimes. Uma apelação escrita também foi enviada a cristãos em Hong Kong, em maio de 2004.
A apelação revela a ignorância de muitos oficiais na área rural da China a respeito do cristianismo. Também, demonstra as injustiças sofridas pelos cristãos na República dos Povos da China.
Os três homens - dois com o sobrenome Wu e um outro com o sobrenome Li - são oriundos de Guangxi, no sudoeste da China. Eles foram condenados a "reeducação através do trabalho" pelo crime de pertencer a uma igreja clandestina. Segundo as palavras das autoridades locais, os homens estão sendo punidos por "criar uma atmosfera de terror e deixar as pessoas, psicologicamente, apreensivas".
O texto da apelação enviado a Hong Kong diz o seguinte:
"Em 1996, um homem de Sichuan, com o sobrenome Li, chegou na nossa área para pregar Jesus. Era tudo muito novo e nós escutamos cuidadosamente, mas ele não batizou ninguém.
Em junho de 1997, o governo afirmou que nossas reuniões causavam divisão e perturbavam a ordem social. Eles enviaram mais de trinta oficiais para nos cercarem e, durante a noite, eles vieram à casa de todos os cristãos e ordenaram que todos, velhos e jovens, homens e mulheres, estivessem no lado de fora. Eles levaram todos os nossos animais a um escritório rural do governo local e os cristãos foram levados ao centro de detenção do governo local.
O promotor nos falou que, 'A China não fundou o cristianismo. Não há Deus. É somente um conto de fadas. Você não deve acreditar no cristianismo difundido por Hong Kong. Hong Kong que tem um sistema capitalista. Eles difundem teorias reacionárias que perturbam a ordem social'.
Então, eles utilizaram algemas para intimidar os cristãos. Eles também forçaram os cristãos a 'confessar' crimes.
Finalmente, dez cristãos foram multados. A multa mais cara foi de 900 RMB ($110 dólares) e a mais baixa foi de 300 RMB ($35 dólares - mais do que muitos camponeses recebem mensalmente) "Os oficiais roubaram todos os animais e os comeram. As pessoas estavam desesperadas".
Às três horas da madruga, mais de quarenta policiais rondaram duas igrejas domésticas. Eles encontraram uma Bíblia nas casas de Wu, Wu e Li. Todas as mulheres e homens adultos em suas famílias foram levados para o centro de detenção local e mantidos por dois dias. A polícia prendeu Li e o algemaram. Então, os três homens foram levados à penitenciária do condado. Depois disto, seus parentes perderam todo o rastro deles.
Finalmente, em outubro de 2003, um policial disse às famílias que os três homens já haviam sido condenados à 'reeducação através do trabalho'.
Se você possuir uma Bíblia em sua casa, isto significa que você é mau? Isto é muito estranho! Quando todos os cristãos estiverem detidos, os oficiais lhe dirão que não podem mais acreditar em Deus. 'Se nós descobrirmos que você ainda acredita, nós não seremos cortês - nós o aprisionaremos o quanto tempo quisermos e açoitaremos o quanto desejarmos', disseram aos cristãos. Mas, os cidadãos chineses não têm liberdade de crença religiosa? Como podemos ser detidos, açoitados e, até mesmo, mortos por causa da nossa fé?.
Em outubro de 2003, nós, finalmente, pudemos ir ao campo de trabalho e ver os dois Wus e o senhor Li. Cinco meses se passaram para nós descobrirmos o seu 'crime' que foi 'criar uma atmosfera de terror e deixar as pessoas psicologicamente apreensivas'".
Nós não entendemos! O que isto significa?".
Assinado: as famílias do senhor Wu, do senhor Wu e do senhor Li.
Esta apelação mostra que a atitude básica das autoridades chinesas em relação ao cristianismo não mudou, apesar das declarações de liberdade religiosa do governo na China. Igrejas domésticas ainda estão sendo pressionadas pelas autoridades locais e os cristãos estão sendo condenados, sem julgamento, a "reeducação através dos campos de trabalho".
A apelação parece duplamente irônica após a rejeição da China do relatório anual, publicado pela Comissão Americana de Liberdade Religiosa Internacional, em 15 de setembro. O relatório criticou a China por contínuo abuso de liberdade religiosa.
O porta-voz do Ministério de Negócios Estrangeiros, Kong Quan, negou as alegações e, de acordo com a Imprensa Associada (Associated Press), afirmou que a China firmemente se contrapôs "à prática americana de interferir nos assuntos religiosos de outros países".
Quan, também, alegou que "A liberdade de crença religiosa é protegida pela constituição chinesa e por outras leis".
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