Um pastor e dois membros da Faculdade Teológica Monte Carmel, em Kandy, no Sri Lanka, foram presos no dia 27 de maio, acusados de destruírem imagens de Buda.
O pastor Suresh Ramachandran, diretor da faculdade, foi solto no dia seguinte depois que as autoridades perceberam que ele possuía um álibi incontestável. Já o pastor Velu Selvarajah e Stephen Thomas ainda são mantidos sob custódia. A primeira audiência deve acontecer amanhã (7 de junho), segundo informações da Aliança Nacional Cristã Evangélica do Sri Lanka (NCEASL, sigla em inglês).
O chefe local dos monges de um templo budista os acusou de destruírem duas pequenas estátuas de Buda às margens da estrada de Unkelipitiya e Thalathuoya, no distrito de Kandy. Os monges garantem possuir duas testemunhas oculares do ataque, segundo fontes locais.
Os cristãos negam as acusações. O pastor Suresh Ramachandran foi solto sob fiança depois de provar que esteve no hospital com sua filha no momento da suposta ocorrência.
Em conseqüência das prisões, a população se enfureceu e manteve demonstrações de irritação do lado de fora da faculdade. Mas a polícia, em precaução a possíveis ataques diretos aos estudantes, reforçou seu contingente no local.
As autoridades budistas reagiram com raiva à liberação do pastor Suresh Ramachandran da prisão. Desde então ele tem recebido ameaças de morte e a polícia já o alertou para tomar cuidados com sua segurança. Eles também o aconselharam a mandar os estudantes para casa até que os ânimos se esfriem.
As rádios locais estão promovendo uma ampla cobertura do incidente e por isso as tensões permanecem altas.
Fontes em Kandy relataram que o advogado que inicialmente concordou em defender os cristãos renunciou ao posto depois da pressão feita pelos budistas. Velu Selvarajah e Stephen Thomas estavam à procura de outros advogados para representá-los na audiência desta quinta-feira.
Igreja incendiada
Em outra localidade do Sri Lanka, desconhecidos atearam fogo contra a Igreja Torre de Oração, em Karawilawelpitiya, no distrito de Puttlam, nas primeiras horas do dia 12 de maio.
As chamas rapidamente consumiram as paredes simples de madeira e o teto coberto de palha, assim como o púlpito, o carpete, as cortinas e os avisos.
A polícia iniciou uma investigação, mas até o presente momento não identificou qualquer um dos responsáveis pelo ataque.
Campanha contra os cristãos
Os monges budistas lançaram uma violenta onda de ataques contra cristãos e suas igrejas em 2002, na tentativa de desencorajar o número crescente de conversões ao cristianismo. Só a Aliança Nacional Cristã Evangélica do Sri Lanka contabilizou pelo menos 160 ataques desde o final de maio de 2006.
Em novembro de 2002, o ministro para Assuntos Culturais Hindu, T.E. Maheshwaran, prometeu introduzir a lei anticonversão no Sri Lanka, assim como existe em alguns Estados da Índia. Os monges budistas mais antigos aprovaram a idéia e logo deram início à sua própria campanha.
Dois rivais das leis anticonversão estão trabalhando no parlamento, mas o andamento delas vem sendo protelado por causa dos recentes conflitos entre o governo do Sri Lanka e o Exército de Libertação dos Tigres Tamis, um grupo separatista que luta pela independência do norte do país.
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