O afegão que enfrentou julgamento em seu país por haver se convertido ao Cristianismo disse na Itália que nunca mais quer voltar ao Afeganistão e teme pela segurança de sua família, que ficou para trás.
Abdul Rahman fez essa declaração nesta quinta-feira a uma emissora de televisão ao chegar à Itália, que concedeu a ele asilo político.
Rahman afirmou que é quase certo que seria morto se permanecesse no Afeganistão.
Ele agracedeu ao papa Bento 16 por liderar uma campanha para a sua libertação.
Abdul Rahman deixou a prisão na terça-feira, depois de intensa pressão internacional. Membros do Parlamento na capital afegã, Cabul, condenaram a sua libertação e disseram que ele não deveria ter sido autorizado a partir.
Rahman, que abandonou o Islamismo há 16 anos, teve suspenso seu julgamento em Mazar-e-Sharif, no norte do Afeganistão, depois de alegações de que ele sofre de problemas mentais.
Sharia
O afegão, que teria se convertido durante uma viagem à Alemanha, foi preso há cerca de duas semanas e, pelo sistema de leis islâmicas, poderia ser condenado até à pena de morte por apostasia (abandono da fé).
A Constituição afegã garante a liberdade pessoal e reconhece a Declaração Universal de Direitos Humanos. Mas ela também diz que a lei do país está baseada na sharia, a lei islâmica, e há um artigo que diz explicitamente que ninguém tem o direito de transgredir o Islã.
O texto é deliberadamente ambíguo, porque tentou atender tanto às preocupações do Ocidente com o futuro da democracia no país quanto aos extremistas domésticos que defendem um Estado islâmico, segundo um correspondente da BBC.
Mais de mil pessoas protestaram em Mazar-e-Sharif, na segunda-feira, contra a decisão de suspender o julgamento de Rahman.
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