Uma criança que tenha 8 ou 14 anos e queira fazer teatro de uma forma séria, aos olhos do Ministério da Educação não o pode fazer”, afirmou Jean Gomes.
Se os pais quiserem que os filhos tenham aulas de teatro enquanto frequentam o ensino básico só têm ao seu dispor escolas privadas ou companhias de teatro com formação, dado que o ensino integrado só existe para as vertentes da música e da dança, distingue o director do Conservatório de Lisboa.
Mas Jean Gomes prefere o modelo do ensino articulado ao do ensino integrado. Enquanto neste é a mesma escola que lecciona as disciplinas básicas e especializadas, no primeiro modelo há uma complementaridade entre “dois parceiros”, cada um “muito bom naquilo que faz”.
As crianças têm “um plano paralelo”, estudam na escola comum mas são dispensadas de aulas como a educação musical por estarem a fazer especializações noutras escolas, onde a sua avaliação contará para a classificação final.
No ensino integrado, uma das formações “vai sofrer”, considera Jean Gomes, contando que conhece miúdos que tocam “genialmente bem” mas falam mal português, por terem estudado em “escolas onde o lado artístico é muito puxado mas que depois encolhem os ombros para as disciplinas fundamentais”.
Atualmente, 500 alunos, entre os 4 e os 18 anos, frequentam o Conservatório de Lisboa, nas suas vertentes de Música, Dança e Arte Dramática – esta última com cerca de 50 alunos.
João Pedro Nunes, de 17 anos, é um dos que há três anos se desloca ao estabelecimento às quartas-feiras, para duas horas de formação em teatro. “É sempre bom ter aquele tempo durante a semana, mas acho que é pouco, é só uma vez e tudo seguido, às vezes não dá para aproveitar”, lamenta.
Maria Helena Ferreira, mãe de Joana, contou à Lusa como procurou no “mercado das escolas” uma hipótese que conciliasse o ensino regular com a formação em teatro, mas só encontrou escolas profissionais.
Joana, de 15 anos, acabou por “ter de ir” para Humanidades, enquanto frequenta o Conservatório de Lisboa e a escola de teatro amadora Arteviva e “vai aos teatros todos, possíveis e imaginários”.
“Se depois do 12.º ano ela decidir mesmo enveredar por essa área, eu não sei o que vou fazer”, antecipa Maria Helena, lamentando que o Conservatório Nacional não tenha a vertente de teatro.
Para o Ministério da Educação, realçou Jean Gomes, o curso de teatro no Conservatório de Lisboa “não vale rigorosamente nada, é como se não existisse, é um curso livre”. Que custa 80 euros por mês aos pais da Joana e do João Pedro.
Antigamente, recordou, o Conservatório Nacional incluía o ensino de música, dança e teatro, mas nos anos 1980 o teatro desapareceu, surgindo a Escola Superior de Teatro e Cinema e deixando de haver “curso não superior de teatro”.
Começaram a aparecer as escolas profissionais de teatro. A partir do 10.º ano, há uma alternativa chamada Escola Profissional de Teatro de Cascais, criada por Carlos Avilez. São três anos em que os alunos – que têm de ter o 9.º ano e menos de 24 anos – frequentam a área de Humanidades e a vertente de teatro em simultâneo.
“Há uma procura, porque os alunos querem, porque os pais sabem a importância da arte dramática no desenvolvimento das crianças”, sustenta Jean Gomes, citando estudos que demonstram que “crianças com estudos artísticos conseguem, em média, resultados duas vezes maiores a matemática e a testes verbais três vezes maiores”. (ES)
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