Um relatório dos EUA diz que a Coréia do Norte está aumentando a perseguição religiosa em proporções semelhantes à da Roma antiga.
Enquanto os romanos atiravam os cristãos aos leões como prática esportiva, a Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA diz que os líderes da Coréia do Norte contentam-se com julgamentos precipitados seguidos de fuzilamento, ou meramente em esmagar as cabeças dos líderes de igreja com um rolo compressor.
Na mesma semana em que o presidente George W. Bush visitava a Ásia, pedindo por maior liberdade política, a Comissão americana emitiu um relatório afirmando que a Coréia do Norte empreende uma guerra total contra a religião e o livre pensamento.
Reportagens dizem que há apenas três igrejas formais na capital da Coréia do Norte, Pyongyang, mas elas servem, a princípio, para ser exibidas e visitadas pelos estrangeiros e anciãos. Em qualquer outro lugar, o governo norte-coreano está engajado na supressão forçada da vida religiosa e intelectual.
Com base em testemunhos de 40 refugiados recentes, que fugiram para a Coréia do Sul através da China, a Comissão diz que a Coréia do Norte criou um reino de terror para exterminar qualquer credo religioso capaz de desafiar a autoridade idolatrada do líder Kim Jong Il.
A mera posse de uma Bíblia pode levar a uma sentença de morte, ao passo que participar do culto de uma igreja ilegal pode resultar em execuções públicas grotescas.
Uma testemunha contou aos investigadores da Comissão que viu cinco líderes cristãos de igrejas sendo executados por um rolo compressor, em frente a uma platéia de espectadores.
Os líderes de igrejas ilegais foram avisados: "Se você abandonar a religião e servir apenas a Kim Il Sung e Kim Jong Il, não será morto", disse a testemunha.
"Nenhum dos cinco disse uma palavra. Alguns dos irmãosreunidos para assistir à execução choraram, gritaram ou desmaiaram quando os crânios estalaram enquanto eram quebrados debaixo do rolo compressor."
Em outro caso, uma mulher disse ter sido forçada a testemunhar a um pelotão de fuzilamento em 1997, que executou uma jovem e seu pai perto do rio Seong Cheon.
A jovem lavava roupa no rio quando deixou cair por acidente a Bíblia que tinha escondida debaixo da roupa suja.
Depois de três meses de interrogatório, ela e seu pai foram julgados em um mercado, condenados como traidores e executados ao vivo em frente a uma multidão de crianças e professores de uma escola.
Um ex-policial descreveu como ele se envolveu na prisão de 11 membros de igreja. Dois deles foram mortos por tortura durante o interrogatório, enquanto os outros foram executados.
Segundo reportagens, no início do século 20, a vida religiosa floresceu na Coréia do Norte.
Grupos religiosos tinham um papel essencial na união dos coreanos contra o regime colonial japonês, mas as igrejas foram vistas, pelo Partido dos Trabalhadores de Kim Il Sung, como competidores políticos.
Quando o fundador da Coréia do Norte chegou ao poder depois da Segunda Guerra Mundial, ele rotulou as igrejas de "contra-revolucionárias" e passou a exterminá-las.
Desde então a Coréia do Norte tem promovido um culto pessoal que deificou virtualmente Kim Il Sung e seu filho e sucessor Kim Jong Il.
Jornais locais trazem histórias de marinheiros norte-coreanos salvos no mar, durante terríveis tempestades, apenas por se reunirem em pedaços de plataformas e cantarem louvores a Kim Il Sung.
As histórias oficiais do país afirmam que, quando Kim Jong Il nasceu em Mount Paektu, uma montanha sagrada na fronteira com a China, um arco-íris duplo apareceu no céu, junto com uma estrela brilhante, para anunciar seu nascimento.
"Ter fé em Deus é um ato de espionagem", disse um refugiado norte-coreano aos investigadores da Comissão. "Kim Il Sung é um deus na Coréia do Norte".
"A dinastia de Kim é mais do que um governo autoritário", afirma o relatório da Comissão. "Ela também se estabelece como a última fonte de poder, virtude, sabedoria espiritual e verdade ao povo norte coreano. Heterodoxos e dissentes são reprimidos de forma rápida e eficiente, com punições ordenadas a sucessivas gerações da família do dissidente."
O relatório ainda diz que "esse estudo traz evidências convincentes do sistemático denegrir da vida religiosa na Coréia do Norte e dos contínuos abusos da liberdade de pensamento, consciência, religião e credo".
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