No marco do IV Fórum Latino Americano e do Caribe em HIV/Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), que tem como lema “América Latina e Caribe: Unidos na diversidade para o acesso universal”, foi realizada, na quarta-feira, mesa sobre “Respostas da comunidade de fé em defesa dos direitos humanos e o HIV-Aids”.
O representante do Instituto para o Desenvolvimento Humano de Cochabamba e membro da Rede de Pessoas que Vivem com HIV ou Aids da Bolívia (REBOL), o argentino Daniel Ruiz, compartilhou experiências de vida, ao tomar consciência de sua condição de ser pessoa portadora do HIV. Ele é um religioso salesiano e essa realidade sacudiu sua fé e ele entrou em crise de vida.
Tornar visível sua situação no contexto boliviano fez com que ao seu redor surgisse uma comunidade invisível de pessoas que estão nessa mesma condição. A igreja está disposta a contribuir com medidas assistenciais, mas é necessária uma resposta integral. As pessoas que vivem com HIV ou Aids pedem da igreja comunhão, acesso aos medicamentos que asseguram a qualidade de vida e preservativos que ajudam a não se reinfectarem nem infectar a outros, assegurou.
O assessor da Pastoral voltada a pessoas que convivem com a Aids, frei capuchinho Luís Carlos Lunardi, de Porto Alegre, afirmou que toda reflexão pastoral ou teológica é construída a partir da vivência junto às pessoas que vivem com HIV ou aids e no contexto da comunhão da igreja. Ele mencionou documento dos bispos católicos do Brasil, divulgado em 2003, no qual manifestam disponibilidade para oferecer serviços sem preconceitos, tomando a defesa dos direitos humanos como um eixo de ação pastoral.
Lunardi defendeu que a Igreja como corpo deve estar comprometida nesta ação. Toda ação pastoral construída na comunhão da igreja deve promover a participação ativa das pessoas que vivem com HIV e Aids porque elas representam parte integral da Igreja. A comunidade de fé deve oferecer uma resposta tanto de acolhida como de inclusão, definiu.
A rabina Silvina Chemen enfatizou a necessidade de criar espaços de debates para as comunidades religiosas, “porque neles precisamos fundamentar e esclarecer algo que pertence necessariamente à identidade de nossa fé”. Os abraços, a inclusão e a aceitação incondicional de toda pessoa fazem parte da identidade como referentes religiosos. Diante das Escrituras Sagradas sempre há uma diversidade de leituras e de compreensão dos conteúdos. Não existe uma só leitura nem uma só voz, disse.
“Frente às novas realidades e os novos desafios temos a possibilidade de oferecer dois tipos de respostas: responder como sempre se fez ou encontrar novas respostas para situações novas. Não se pode pedir a um texto milenar, elaborado em outro contexto cultural, que nos ofereça respostas para situações novas”, justificou a religiosa da Comunidade Bet El, de Buenos Aires.
O diretor do Centro Ecumênico Rosa Branca, de Lima, o reverendo anglicano David Limo, reportou-se a recentes declarações do Primaz da Igreja da Inglaterra quando afirmou, referindo-se às pessoas de orientação homossexual, que a comunidade cristã deve ser um espaço seguro, onde todas as pessoas possam ser transparentes porque há um respeito à dignidade.
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