Com novas versões a cada mês, a Bíblia ainda é o livro mais vendido no mundo
De acordo com a matéria publicada no site do jornal O Globo, como a
Bíblia está em domínio público, qualquer pessoa pode traduzir o livro
original, escrito em aramaico, grego e hebraico, e publicar. Confira a
matéria abaixo:
Os mais velhos se lembram bem do ofício de homens
como José Maria Nogueira Lira. Há mais de 30 anos, ele andava pelas
ruas de Fortaleza, batendo de porta em porta. Dali, empenhou-se e abriu
uma loja. Depois foram mais sete espaços físicos e ainda um ambiente
virtual, este lançado há sete anos, até Nogueira Lira se tornar um
empresário reconhecido por vender variações de um único produto que
parece não ser afetado por crises (e nem sair de moda): a Bíblia.
Fundador
da empresa Casa da Bíblia, Nogueira Lira está no centro de um mercado
do livro que, além de ser o mais vendido de todos os tempos,
provavelmente ainda é o mais vendido em todos os anos. Em 2014, foram
distribuídas 34 milhões de unidades só das entidades ligadas a
Sociedades Bíblicas Unidas (SBU), uma associação que atua em 200 países e
que recém-divulgou e seu relatório anual. O número significou um
crescimento de 6% em relação a 2013. Só no Brasil, foram 7,6 milhões de
volumes editados pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), ligada à SBU.
—
É tranquilamente o livro mais distribuído do mundo — afirma Erní
Seibert, secretário de Comunicação, Ação Social e Arrecadação da SBB. — É
um patrimônio da Humanidade. Se você viajar para a Europa e quiser
entender a arquitetura, precisa conhecer a fé cristã. Se quiser entender
a obra do Aleijadinho no Brasil, precisa do texto bíblico. Não é um
livro apenas para religiosos.
ONZE MILHÕES DE BÍBLIAS NO BRASIL
A
SBB atua majoritariamente no ramo evangélico e é o maior entre os mais
de 50 membros da Associação de Editores Cristãos do Brasil (Asec). A
diferença entre as bíblias evangélica e católica está apenas na exclusão
de sete livros do Antigo Testamento por parte da primeira, além das
traduções que diferem por editoras. Já os livros que interpretam o texto
conforme determinadas doutrinas religiosas são chamados de “bíblias de
estudo”, nada mais do que uma tradução acompanhada por comentários.
—
O texto bíblico é sempre o mesmo, independentemente da denominação
cristã. Mas há mais de uma dezena de traduções para o português — afirma
Emílio Fernandes Júnior, presidente da Asec. — Infelizmente, ainda não
há dados oficiais de venda deste segmento no Brasil. Recentemente a
Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato dos Editores de Livros passaram
a incluir o segmento de Bíblias na pesquisa do mercado editorial e essa
distribuição começa a aparecer. Estima-se que em 2014, no Brasil,
tenham sido distribuídos 11 milhões de Bíblias, tanto católicas quanto
evangélicas.
A Bíblia original, escrita em aramaico, grego e
hebraico, está em domínio público, o que significa que qualquer pessoa
pode traduzir e publicar o livro — e aí, sim, haverá proteção de
direitos, por 70 anos a partir da morte do tradutor. As diferentes
traduções diferem basicamente na linguagem. Uma das mais conhecidas foi
feita pelo português João Ferreira de Almeida (1628-1691) e é muito
utilizada, sobretudo por doutrinas protestantes.
— Os tradutores
são considerados como autores, porque são responsáveis pelo que se chama
de obra derivada — explica o monsenhor Jamil Alves, diretor editorial
das Edições CNBB, criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
em 2005. — Desde a sua criação, a Edições CNBB já produziu mais de um
milhão de bíblias.
Já a editora Ave-Maria, uma das maiores no
segmento de bíblias católicas, tem no mercado obras como “A Bíblia
infantil”, “Bíblia católica do jovem”, “Minha primeira Bíblia com a
Turma da Mônica” e a tradicional “Bíblia sagrada”. Desde 1959, já
publicou 200 edições de bíblias, numa média anual de 600 mil volumes
vendidos.
— Quando há incoerência nos textos, a Igreja intervém
por meio da Congregação para a Doutrina da Fé — afirma Aliston Monte,
gerente de Marketing da Ave-Maria. — O maior consumidor são as
paróquias. Em muitos municípios do país não há livraria, mas paróquia
sempre tem. E também há empresas que compram para presentear
funcionários e clientes.
Segundo a última edição do Guinness
Book, a Bíblia já foi traduzida para 349 idiomas e é o livro mais
vendido do mundo. Os números absolutos, porém, são incertos. O Guinness
cita estimativas de que mais de cinco bilhões de cópias de bíblias foram
distribuídas desde o século XIX. Como comparação, os sete volumes da
série “Harry Potter”, bem mais jovem que a Bíblia, mas uma sensação
desde 1997, venderam 450 milhões.
— Todos os meses são lançadas
bíblias novas — conta Ossian Carlos Vital, gerente administrativo da
Casa da Bíblia virtual, aquela fundada pelo ex-vendedor Nogueira Lira. —
Mesmo quando as editoras não têm algo novo, mudam a capa, o design. O
mercado está sempre movimentado.
DIFERENÇAS DAS TRADUÇÕES
"Cântico dos Cânticos", capítulo 5, versículo 10:
Editora Ave-Maria: “Meu amado é forte e corado, distingue-se entre dez mil”
Editora Paulus (Edição pastoral): “O meu amado é branco e rosado e se destaca entre dez mil”
Edições CNBB: “Meu amado é claro e corado, inconfundível entre milhares”
Nova
Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH): “Entre dez mil homens, o meu
amado é o mais bonito e o mais forte. O seu belo rosto é corado”
Tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC): “O meu amado é cândido e rubicundo; ele traz a bandeira entre dez mil”
Tradução Almeida Revista e Atualizada (RA): “O meu amado é alvo e rosado, o mais distinguido entre dez mil”
Nova Versão Internacional (NVI): “O meu amado tem a pele bronzeada; ele se destaca entre dez mil”
Versão King James: “My beloved is white and ruddy, the chiefest among ten thousand”
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