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Classificação de países mapeia perseguição no mundo

A Portas Abertas Internacional divulgou, no final de fevereiro, a edição 2006 daClassificação de Países por Perseguição. Saiba como a lista é feita,  e leia uma análise detalhada dos países que aparecem nas 10 primeiras colocações como os piores na violação dos direitos religiosos.

Um questionário especialmente elaborado é usado para compilar a Lista de Países por Perseguição. O questionário contém 49 perguntas. Dependendo de como cada questão é respondida, um ponto é atribuído. O número total de pontos por país determina sua posição na Lista de Países por Perseguição.

As questões cobrem vários aspectos sobre liberdade religiosa, diferenciando entre a posição oficial e legal dos cristãos (por exemplo: A constituição e/ou as leis nacionais fornecem liberdade de religião?; Os indivíduos têm permissão de se converter ao Cristianismo através da lei?) e a situação concreta dos cristãos individualmente (Os cristãos têm sido mortos por causa de sua fé?; Os cristãos estão sendo condenados a ir para a prisão, campo de trabalho ou enviados para um hospital psiquiátrico por causa de sua fé?). O papel da igreja na sociedade recebe atenção especial (Os cristãos têm a liberdade de imprimir e distribuir literatura cristã?; As publicações cristãs são censuradas/proibidas neste país?) e aos fatores que possam obstruir a liberdade de religião em um país (Os lugares de encontro cristão e/ou as casas cristãs são atacados por causa de motivos anti-cristãos?).

A Classificação de Países por Perseguição

A total falta de liberdade religiosa levou novamente a Coréia do Norte - pelo quarto ano consecutivo - à primeira posição na Lista de Países por Perseguição. O severo reino islâmico da Arábia Saudita continua a ocupar a segunda posição. O Irã passa a ocupar pela primeira vez a terceira posição, seguido pela Somália, que agora ocupa a quarta posição. Ambos os países estiveram nos primeiros dez lugares nos últimos dez anos, mas subiram algumas posições.

Embora o total de pontos para as Maldivas permaneça o mesmo, as mudanças e deslocamentos na contagem para os outros dez primeiros países fez com que o arquipélago subisse uma posição. O Butão deslocou-se da oitava posição para a sexta, principalmente devido à influência de outros países, mas até certo ponto, também devido a um ligeiro aumento de pontos.

Na oitava posição, encontramos um novo país entre os primeiros dez: o Iêmen. Recebemos novas informações sobre o Iêmen, especialmente sobre a situação dos cristãos de origem muçulmana, que levaram a um aumento de pontos.

Houve algumas melhoras na situação dos cristãos no Vietnã e no Laos, que fizeram com que ambos os países caíssem algumas posições na lista dos dez primeiros países: respectivamente, de números três e quatro para números sete e nove. Não houve maiores mudanças na liberdade religiosa para os cristãos na China e como tal, o país continua a ter o mesmo total de pontos, embora tenha caído uma posição, de número 9 para 10, sob a influência da situação em outros países. Devido à menor violência relatada contra os cristãos no Afeganistão em 2005 do que no ano anterior, o país deslocou-se dos dez primeiros, para a posição de número 11.

O islamismo é a religião de cinco dos dez primeiros países: Arábia Saudita, Irã, Somália, Maldivas e Iêmen. Quatro países têm governos comunistas: Coréia do Norte, Vietnã, Laos e China. O Butão é o único país budista dos dez países no topo da lista.

Mudanças para pior

A posição da liberdade religiosa decaiu no Irã, no Uzbequistão, na Índia e em Bangladesh.

Uma nova onda de perseguição aos cristãos teve início no Irã após a eleição do presidente conservador linha-dura Mahmoud Ahmadinejad. Desde a eleição de 2005, muitos cristãos - principalmente aqueles de origem islâmica - não somente têm sido pressionados, mas muitos têm sido detidos e açoitados.

No Uzbequistão, as medidas do governo após a repressão da revolta popular em Andijan levaram às restrições da liberdade religiosa para os cristãos. O nível de monitoramento das igrejas e dos cristãos aumentou consideravelmente.

A violência contra os cristãos na Índia parece estar crescendo. Nossos irmãos estão passando por crescente pressão (na forma de ataques físicos, assassinatos, representações na mídia, ameaças etc.) por causa de acusações de (alegadas) atividades de evangelismo.

Intolerância e atrocidades contra as minorias estão aumentando em Bangladesh. Uma radicalização é evidente entre muçulmanos no país, onde vários cristãos foram mortos devido a sua fé em 2005.

Mudanças para melhor

A situação melhorou para os cristãos em diferentes níveis no Vietnã, Laos, Afeganistão, Sudão, Nigéria, Colômbia e México.

Líderes de igreja no Vietnã e no Laos indicaram que a situação para os cristãos melhorou, até certo ponto, em 2005. Os cristãos receberam permissão para construir e reformar prédios da igreja e fazer treinamentos. No Laos, os líderes cristãos do sul puderam realizar muitas atividades da igreja com pouca ou sem interferência governamental. O que particularmente mudou é a crescente possibilidade dos líderes de igreja ou cristãos individuais de trazerem casos de perseguição e abuso feitos pelos líderes governamentais locais aos respectivos escritórios nacionais. Contudo, o grupo principal de cristãos no norte continua a enfrentar dificuldades e perseguição.

Em 2004, cinco convertidos afegãos cristãos foram mortos no Afeganistão por abandonar o islamismo e difundir a sua nova fé. Não recebemos relatórios parecidos em 2005, o que explica a perda de alguns pontos do Afeganistão. Entretanto, a violência em geral continua acontecendo com freqüência, já que a resistência fundamentalista muçulmana continua ainda em ação.

No ano passado, relatamos sobre uma nova esperança para os cristãos no Sudão, acalentados com o tratado de paz, que pôs fim a mais de 20 anos de guerra civil. Já em 2004 houve menos incidentes de violência contra os cristãos, comparado aos anos anteriores. Em 2005, essa tendência parecia continuar, sem nenhum relato confirmado de cristãos sendo mortos por causa de sua fé e outros incidentes menores, tais como ataques físicos e seqüestros. Continuamos recebendo relatórios de violência religiosa na Nigéria em 2005. Entretanto, a violência resultou em um número menor de mortes entre cristãos do que em 2004. A Nigéria continua sendo um país a ser observado de perto, especialmente desde que foram descobertos planos dos militantes muçulmanos para atacar cristãos, em certos estados, e para desestabilizar os estados envolvidos.

Já que a posição de liberdade religiosa não mudou significantemente nas áreas de conflito da Colômbia, a posição caiu porque menos cristãos foram mortos ou detidos, comparado ao ano anterior. Apesar disso, cristãos em áreas ocupadas por rebeldes continuam a viver sob pressão e em meio à violência, parcialmente por causa de sua fé, embora isto não seja fácil de discernir. A respeito da perseguição de cristãos no México, recebemos menos relatos de agressões físicas, seqüestros e assassinatos de cristãos do que nos anos anteriores. A maioria dos incidentes contra cristãos em 2005 diz respeito a exílios e a ameaças.

Enfoque nos dez primeiros países

1. Coréia do Norte

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Violações de direitos humanos são a ordem do dia no país stalinista da Coréia do Norte, incluindo muitas brechas nos direitos religiosos. A Coréia do Norte entrou no seu quarto ano como o pior violador de direitos religiosos para os cristãos. O cristianismo é observado como uma influência estrangeira perigosa que estimulou o colapso dos regimes comunistas na Europa Oriental e na ex-União Soviética e, por isso, é considerado uma das maiores ameaças ao poder do regime. Desta forma, as autoridades norte-coreanas estão fazendo muito esforço para erradicar o cristianismo. Acredita-se que dezenas de milhares de cristãos estão atualmente sofrendo nos campos de prisão na Coréia do Norte, onde eles enfrentam abusos cruéis. O regime eremita é suspeito de deter mais prisioneiros políticos e religiosos do que qualquer outro país do mundo. Vários norte-coreanos tornaram-se cristãos depois de cruzar a fronteira com a China e entrar em contato com cristãos locais. Muitos entre estes cristãos foram denunciados como cristãos quando retornaram para a Coréia do Norte e tornaram-se alvo de detenção. Muitos deles foram torturados e mortos. Apesar de não haver nenhum número exato, nossos colaboradores estimam que centenas de cristãos foram mortos pelo regime em 2005. Em meio a tudo isto, a Coréia do Norte está tentando manter uma fachada de liberdade religiosa, tentando encobrir a completa falta deste inalienável direito humano, - entre outros - por meio da organização de cultos religiosos patrocinados pelo governo em igrejas de fachada, na capital Pyongyang, onde estrangeiros têm permissão para freqüentar.

2. Arábia Saudita

Também neste ano, a Arábia Saudita permanece bastante acima na classificação entre os primeiros dez países da Lista de Países por Perseguição. A liberdade religiosa não existe no reino wahhabista, onde cidadãos só têm permissão de aderir a uma religião: o islamismo. Nenhuma proteção legal é fornecida para a liberdade de religião, e na prática não há nenhuma proteção. O sistema legal está baseado na lei islâmica (sharia). A apostasia - conversão a uma outra religião - é punida com a morte. Embora o governo reconheça o direito dos não-muçulmanos de adorar em particular, a prática pública de adoração de não-muçulmanos é proibida. Entretanto, mais de 70 cristãos exilados foram presos em 2005 durante a adoração em casas particulares, o que foi chamada a maior pressão da Arábia Saudita sobre os cristãos em uma década. A maioria dos cristãos presos foi finalmente liberta.

3. Irã

O islamismo é a religião oficial no Irã e todas as leis e regulamentos devem ser consistentes com a interpretação oficial da lei sharia. No momento em que a deterioração da liberdade religiosa para os cristãos se iniciou com a vitória de partidos conservadores no começo de 2004, uma nova onda de perseguição de cristãos aconteceu depois da eleição de um presidente conservador linha dura em junho de 2005, levando o país a posição número 3 na Lista de Países por Perseguição. O presidente Mahmoud Ahmadinejad saudou sua vitória na eleição como uma nova revolução islâmica que poderia se espalhar por todo o mundo e prometeu restaurar o ''governo islâmico'' no Irã, sugerindo que os administradores anteriores não foram suficientemente islâmicos. Desde a eleição de 2005, muitos cristãos não somente sofreram pressão, mas também foram presos e açoitados. Um pastor de igreja doméstica foi morto em novembro. Cristãos étnicos ainda têm permissão de expressar sua fé dentro das paredes de suas próprias igrejas, mas aqueles que têm origem muçulmana enfrentam tremendo risco porque o governo quer o retorno deles para o islamismo. Segundo se alega, autoridades locais por toda a nação receberam ordem de fazer exigências severas a todos os grupos de células cristãs. Porque as igrejas são proibidas de dar auxílio a qualquer cristão de origem muçulmana, muitas igrejas étnicas retiraram seu apoio de seus irmãos de origem muçulmana. A nova política ameaça os esforços de discipulado e de evangelismo. Grupos de células de cristãos de origem muçulmana estão agora se encontrando em segredo.

4. Somália

Na Somália, não há nenhuma constituição ou nenhuma provisão legal para a proteção de liberdade religiosa. O governo federal é muito fraco, enquanto os comandantes ainda têm algum controle em diferentes partes da Somália. O islamismo é a religião oficial e a pressão social é forte a respeito da tradição islâmica, especialmente em certas áreas rurais do país. A maioria das regiões utiliza formas locais de resolução de conflito, ou arbitragem baseada no clã tradicional ou na lei islâmica (sharia). Menos de um por cento dos somalis étnicos são cristãos e praticam sua fé em segredo. Em algumas partes da Somália, cristãos secretos de origem muçulmana se encontraram em uma situação pior em 2005. Cinco desses cristãos foram mortos por muçulmanos fundamentalistas. Conseqüentemente, muitos outros ficaram temerosos e fugiram para o Quênia e para outras partes do mundo.

5. Maldivas

No arquipélago das Maldivas, o islamismo é a religião oficial do estado e todos os cidadãos devem ser muçulmanos. A lei sharia, que proíbe a conversão do islamismo para uma outra religião, está em vigor. Como resultado, o convertido pode perder sua cidadania. É proibido seguir qualquer outra religião além do islamismo, que é considerado uma ferramenta importante para estimular a unidade nacional e a manutenção do poder governamental. Assim, é impossível abrir qualquer igreja, embora estrangeiros tenham permissão para seguir sua religião em particular, sem que eles incentivem cidadãos a participar. A Bíblia e outros materiais cristãos não podem ser importados, além de uma cópia para uso pessoal. No país - um dos países menos evangelizados da terra - existe somente uns poucos cristãos indígenas e eles vivem sua fé em completo segredo. A falta de respeito à liberdade religiosa nas Maldivas permaneceu a mesma durante o ano de 2005.

6. Butão

O budismo mahayana é a religião estatal no reino himalaia do Butão. Oficialmente, a fé cristã não existe e os cristãos não têm permissão para orar ou celebrar culto em público. Além disso, o governo proíbe reuniões em casas cristãs que envolvam várias famílias. Sacerdotes têm o visto negado para entrar no país. Os cristãos estão sendo privados de seus direitos, tais como educação para os filhos, empregos governamentais e estabelecimento de negócios privados. A importação de material religioso impresso é restrita, e somente textos religiosos budistas são permitidos no país. A sociedade exerce forte pressão para agir em conformidade com as normas budistas. Os cristãos são presos com freqüência, uma vez que a polícia local costuma usar detenções como uma tática de pressão para os cristãos não testemunharem a sua fé. Os cristãos não somente enfrentam pressão das autoridades, mas também dos clérigos budistas e, ocasionalmente, sofrem agressões físicas.

7. Vietnã

O Vietnã é um dos últimos países do mundo governados por comunistas. Embora a constituição garanta liberdade religiosa, o regime ateísta tenta manter a religião sob controle severo com um sistema de registros obrigatórios. Muitos cristãos escapam disto não se registrando. De tempos em tempos, o governo vietnamita realiza campanhas e fecha igrejas, especialmente nas regiões montanhosas. O Vietnã caiu algumas posições na lista, uma vez que cristãos expressaram que sua situação melhorou em 2005, comparado aos anos anteriores. Em novembro de 2004, uma nova lei foi implementada no Vietnã para regular a religião. Embora muitos temessem que isso levaria a um aumento de opressão, parece que a nova lei, de fato, resultou em leves melhorias. A Igreja Evangélica do Vietnã recebeu permissão para construir e reformar prédios da igreja e realizar treinamentos. Para os católicos romanos, a situação melhorou consideravelmente: receberam permissão para abrir uma nova diocese e ordenar 57 novos padres. Apesar das detenções e das agressões aos cristãos terem continuado em 2005, parece acontecer com menos freqüência do que em 2004, quando mais de cem cristãos foram presos e maltratados e um número desconhecido de mortos durante as manifestações na Páscoa pelos direitos religiosos.

8. Iêmen

A constituição do Iêmen garante liberdade de religião, mas também declara que o islamismo é a religião do estado e que a sharia é a fonte de toda a legislação. O governo do Iêmen permite aos exilados certa liberdade para viver a sua fé, mas os cidadãos do Iêmen não têm permissão para se converterem. Há um bom número de convertidos de origem islâmica que podem enfrentar a pena de morte se forem descobertos. Durante o ano passado, vários convertidos cristãos foram presos e surrados por causa de sua fé. Quase todos esses presos foram libertos após pagar uma multa.

9. Laos

Juntamente com Cuba, Coréia do Norte, Vietnã e China, Laos é um dos remanescentes países no mundo governados por comunistas. A constituição de Laos garante a liberdade religiosa. Entretanto, a ausência de regulamentação da lei e de um regulamento específico sobre assuntos religiosos permite que oficiais locais interpretem e implementem as provisões constitucionais do modo que quiserem. As autoridades do Laos permitem a presença limitada do cristianismo e colocam os cristãos sob vigilância severa. O regime limita o número de igrejas abertas e regularmente fecha igrejas, especialmente no interior do país. Os maiores desafios para a igreja em Laos são a pressão social contra os convertidos que renunciam a adoração a espíritos maus. Mas, mesmo assim, realizam-se muitas atividades não registradas e a igreja parece estar crescendo, apesar da perseguição. Nossos colaboradores na região relatam que a situação para os cristãos melhorou durante o ano de 2005, particularmente, na parte meridional do país. A situação tem melhorado especialmente em nível popular. Os líderes cristãos no sul expressaram que eles podem realizar muitas atividades na igreja sem ou com pouca interferência governamental, e os treinamentos de líderes conduzidos pelos líderes locais têm aumentado. O que particularmente mudou nos últimos três anos é a crescente habilidade de líderes de igreja ou cristãos individuais de levarem os casos de perseguição e abuso realizados pelos líderes do governo local aos respectivos escritórios nacionais. Quando abusos foram relatados ao governo nacional, os oficiais locais foram censurados e retirados do escritório ou transferidos para outras localidades. Entretanto, o grupo principal de cristãos no norte continua enfrentando dificuldades e perseguição. Embora, em nível menor do que nos anos anteriores, os cristãos continuaram sendo presos por causa de sua religião e colocados sob pressão para renunciar à fé, em 2005. As importações de Bíblias foram canceladas em agosto, uma vez que o regime intensificou o monitoramento das províncias que costumavam transportar os materiais.

10. China

Na China, a constituição garante a liberdade de fé religiosa e a liberdade de não acreditar. Novos extensos regulamentos sobre assuntos religiosos foram aprovados em 1º de março. A mudança mais significativa é que qualquer igreja pode registrar-se diretamente no departamento de Assuntos Religiosos, em vez de se registrar no Movimento Patriótico das Três Autonomias, a igreja ligada ao governo. Entretanto, parece não ter havido nenhuma mudança real comparado à antiga lei de religião e parece que o governo está usando os novos regulamentos para pressionar as igrejas domésticas não-registradas e ampliar o controle sobre elas. Durante o ano de 2005, aconteceu uma pressão em massa nas igrejas em casa por toda a China, na qual milhares de cristãos foram presos. A maioria deles foi colocada em liberdade alguns dias mais tarde.

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/Artigos/2006/03/noticia2497/


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