A gestante Fabiana Felisberto foi diagnosticada com esteno mitral grave e a solução para não correr risco de morte era interromper a gravidez para que ela pudesse se tratar.
A jovem estava grávida de 14 semanas e resolveu, apesar dos riscos, continuar com a gestação, recusando o aborto terapêutico.
Para salvá-la, os médicos tiveram que optar por uma operação diferente sob vários aspectos e o resultado foi tão positivo que hoje, um ano após a operação, o caso será publicado na revista American Association for Thoracic Surgery AATS Cardiovascular Valve Symposium 2015.
A operação foi realizada pela equipe multidisciplinar do Hospital dos Servidores do Estado (HSE), liderada pelo cirurgião cardíaco Olívio Souza Neto, que destacou ao jornal O Globo que operar Fabiana por vídeo foi um processo complicado.
“A gravidez da Fabiana desequilibrou a doença, que já tinha indicação cirúrgica. Quando a encontrei, ela pediu que não tentasse convencê-la a tirar o bebê, porque ia dar tudo certo. Eu disse que ela poderia não aguentar, mas, de fato, a cirurgia ocorreu sem a menor intercorrência. Há coisas que não conseguimos explicar”, afirmou o cardiologista.
Fabiana descobriu a doença quando tinha 14 anos, aos 20 chegou a engravidar de gêmeos, mas teve um aborto espontâneo sem nenhuma ligação com o problema cardíaco.
A jovem, hoje com 26 anos, é membro da Igreja Palavra Viva em Belford Roxo, Rio de Janeiro, e entende que a operação ocorreu bem por um verdadeiro milagre, principalmente porque nada aconteceu com o seu filho, Enzo, hoje com seis meses de idade.
“Pensei: se Deus quiser levar meu filho durante a cirurgia, tudo bem, mas não vou fazer nada antes. O que aconteceu comigo foi milagre, e Deus é tão firmeza que colocou o Dr. David no meu caminho”, diz ela agradecida ao médico David Esteves, responsável pela unidade materno-fetal do HSE.
Os médicos aceitaram a opção de Fabiana de não abortar e fizeram uma cirurgia minimamente invasiva videoassistida que fez de tudo para preservar o bebê, mesmo diante da anestesia geral que foi aplicada na mãe.
“Toda cirurgia de gestação é feita no segundo semestre para evitar qualquer efeito na formação do bebê, mas, no caso dela, pela sobrecarga de volume circulatório, optamos pelo primeiro trimestre”, conta ao jornal a obstetra Juliana Esteves, que também fez parte da equipe.
Foram cinco horas de cirurgia para a implantação da prótese mitral em Fabiana, para isso, foi necessário realizar uma incisão infra-mamária (como na cirurgia plástica para inserção de prótese de silicone) para não atrapalhar a amamentação. A partir desta abertura, os médicos inseriram uma óptica para captar as imagens intracardíacas para realizar o procedimento.
Após a cirurgia Fabiana ficou internada por 15 dias, ela chegou a ter anemia e precisou passar por uma transfusão de sangue. Fora isso, a jovem ainda enfrentou uma pneumonia.
Com esses problemas vencidos, Enzo nasceu em 29 de abril deste ano quando completou 38 semanas de gestação. O parto foi cesáreo e a criança nasceu sem nenhum problema de saúde. Fabiana também está bem de saúde, tanto que participa do grupo de dança da igreja.
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