No Paquistão, dezesseis pessoas foram acusadas de blasfêmia, no ano passado, por terem publicado um material que as autoridades locais consideraram ser ofensivo ao islã. Cinco desses cristãos, no entanto, foram absolvidos das acusações recentemente. Ambos são de Gujrat, uma cidade que fica na província de Punjab e que é muito conhecida por ser religiosamente conservadora. De acordo com a legislação do país, aqueles que transgridem a lei de blasfêmia podem ser punidos até mesmo com pena de morte. Entre os acusados, está o líder cristão Shafqat Gill que publicou no cartaz a palavra “rasool”, que em urdu, uma língua indo-europeia formada pelos persas, turcos e árabes, quer dizer “apóstolo”, mas que para os muçulmanos também pode significar “profeta”, daí a alegação de que os cristãos blasfemaram contra o islã.
Para eles, chamar alguém de profeta é o mesmo que insultar Maomé, o único que pode receber tal título, segundo seus preceitos. Shafqat simplesmente havia incluído o nome de seu falecido pai e fundador da comunidade cristã à qual ele pertence como “Urdu Fazal Masih”. Na ocasião, houve uma reunião entre os muçulmanos, numa mesquita local, para discutir o assunto. As autoridades foram acionadas e logo após, todos os todos os cartazes que anunciavam a data de um evento cristão, foram arrancados pela polícia e os organizadores foram presos no dia anterior ao evento. Essa não é a primeira vez que cristãos são acusados de blasfêmia por causa de uma interpretação ou tradução bíblica.
O fato de os muçulmanos se sentirem ofendidos constantemente e terem usado a lei de blasfêmia para punir os cristãos de forma tão dura, já é algo perceptível como abusivo. A Ong CLAAS (Centre for Legal Aid Assistance and Settlement), que garante assistência jurídica aos fiéis, recorda que o termo “rasool” está presente na Bíblia em urdu e os cristãos não tinham nenhuma intenção blasfema. Mas, em setembro do ano passado, o tribunal antiterrorismo de Gujranwala negou a caução para os réus cristãos. Só agora, depois de uma nova instância promovida pelo CLAAS, pelo menos os cinco cristãos foram libertados, mas ainda não se sabe quanto tempo os demais permanecerão presos.
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