O cardeal e arcebispo de Los Angeles, Roger Mahony, pediu hoje “perdão” às vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes a menores, após chegar a um acordo para indenizar os que sofreram assédio com US$ 660 milhões (leia mais).
Foi algo “que nem devia, nem voltará a acontecer”, disse Mahony em entrevista coletiva, na qual assinalou que desejava “devolver” às vítimas a vida que tinham antes dos abusos.
“Durante estes meses para chegar a um acordo, pude entender com muito mais profundidade este terrível pecado e crime pelo qual passaram as vítimas”, disse Mahony.
O arcebispo de Los Angeles explicou que a Igreja Católica deverá vender uma série de edifícios, utilizar alguns fundos de investimento que possui e pedir empréstimos, para fazer o pagamento estipulado com as vítimas.
O acordo foi feito dois dias antes que litigantes e processados se enfrentassem em um julgamento que estava previsto para começar nesta segunda-feira.
No entanto, o cardeal deverá ir amanhã a um tribunal de Los Angeles para formalizar o acordo e buscar a aprovação dos juízes ao mesmo, disse o porta-voz da arquidiocese, Tod Tamberg.
No momento em que for formalizado, o valor estipulado se transformará no mais alto pago pela Igreja Católica dos Estados Unidos em processos nos últimos anos por abusos sexuais cometidos por sacerdotes em várias dioceses do país.
De mais de 5.000 sacerdotes que serviram na arquidiocese de Los Angeles entre 1930 e 2003, 113 foram acusados de abuso, segundo o Relatório Oficial do povo de Deus dessa diocese, publicado em fevereiro de 2004.
Do total de acusados, 43 já morreram, 54 já não são sacerdotes e 16 permaneciam no Ministério. Do último grupo, em 12 casos não foram encontradas provas suficientes para declarar abuso e só quatro foram suspensos e enfrentam julgamentos.
Os 508 litigantes receberão uma média de entre US$ 1,2 milhão e US$ 1,3 milhão cada um, segundo o acordo, que também prevê que sejam divulgados alguns documentos privados da arquidiocese relacionados com o caso.
Algumas das vítimas lamentaram hoje o fato de que, devido ao acordo, alguns dos sacerdotes não terão que ir aos tribunais.
Mary Ferrell, uma enfermeira de 59 anos que sofreu os abusos no final dos anos 50, disse que a alta soma “demonstra a culpabilidade da Igreja Católica”.
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