Além de eleger o primeiro travesti em uma capital, as eleições municipais em Salvador, cidade onde os terreiros de candomblé – 1.238 ao todo, de acordo com os cálculos da prefeitura, são dotados de grande poder político, dois evangélicos disputam o governo municipal. Na corrida pelos votos, dobram-se à religião afro-brasileira tão criticada pelos pentecostais.
O candidato petista, Walter Pinheiro, é da Igreja Batista. O atual prefeito, João Henrique Carneiro (PMDB), também. Pinheiro escolheu uma vice católica, Lídice da Mata (PSB) que transita com mais desenvoltura pelos terreiros. João Henrique foi mais longe e optou por Edvaldo Brito, o primeiro prefeito negro da cidade, filho de Ogum e freqüentador do terreiro do Gantois, um dos mais tradicionais da Bahia. Ambos, entretanto, vivem às voltas com gafes e constrangimentos provocados pela tradicional rivalidade entre evangélicos e o candomblé.
Leia mais notícias da agência JB Em busca de votos, Walter Pinheiro enfrentou críticas de irmãos de religião e foi a um terreiro, no primeiro turno, fazer campanha. Constrangido durante a visita ao Maroió Lage, mais conhecido como Terreiro do Alaketo, tentou escapar das fotos dos jornais. E cometeu uma gafe, ao ir ao local vestido com uma camisa pólo azul e preta – cor tradicionalmente evitada nos terreiros por bloquear as energias.
Na luta para se reeleger, João Henrique evitou ir aos terreiros passou por percalços ainda maiores com o povo do candomblé. Passada uma batalha jurídica em torno do fim da isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para os terreiros, o prefeito mandou derrubar o terreiro Oyá Unipó Neto, por falta de pagamento do imposto.
Às vésperas da campanha, pediu desculpas à ialorixá Mãe Rosa, que comandava o terreiro posto ao chão, e mandou reconstruir tudo e ressarcir os objetos sagrados destruídos no processo. Os dois candidatos iniciam a reta final da campanha empatados de acordo com pesquisa do Ibope.
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