Brasil é o segundo maior produtor de armas no Hemisfério Ocidental diz organização internacional.
O brasileiro Sérgio Duarte, novo representante da ONU para o Desarmamento, vai liderar as negociações para o estabelecimento de uma convenção internacional contra o comércio de armas ilícitas que, segundo ele, alimentam o crime nas cidades brasileiras. O diplomata foi escolhido há poucas semanas para o posto pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon e revelou ao Estado que foi incumbido de trabalhar para conter o tráfico de armas.
Estudos apontam que o custo da violência no Brasil e Colômbia chega a US$ 90 milhões por ano. Para Duarte, o Brasil e os países vizinhos precisam abrir uma guerra contra o tráfico de armas. “A América Latina é uma das regiões mais estáveis do mundo. Mas nossas guerras são contra as gangues internas. Problema nosso é banditismo, não de relações internacionais”, disse.
Duarte, que tem como mandato promover o desarmamento, acredita que parte da solução está na elaboração de um acordo internacional para combater o tráfico de armas leves, o que inclui pistolas, revolveres e outros modelos. Segundo ele, a partir do ano que vem, peritos de vários países se reunirão na ONU para começar a discutir formas de controlar o comércio. “A questão é controlar o comércio ilícito, já que é isso que alimenta a criminalidade”, afirmou Duarte nesta segunda-feira, 20, na ONU. Por enquanto, três reuniões em Nova York já estão marcadas para ocorrer em 2008 para lidar com o assunto.
O Brasil é um dos maiores exportadores de armas leves do mundo. A entidade Small Arms Survey, com sede em Genebra, alerta que o País é o segundo maior produtor de armas no Hemisfério Ocidental, com 17 milhões de unidades em 2005 e sendo superado apenas pelos Estados Unidos. No mundo, o País estaria entre os cinco maiores produtores.
Mas se as exportações geram renda, a violência diante da disponibilidade das armas nas cidades tem um custo elevado. Segundo a Small Arms Survey, só em produtividade o Rio de Janeiro perde US$ 10 milhões por ano diante da morte de homens em idade de trabalho. Em Bogotá, as perdas são de US$ 4 milhões.
No total, a violência custa entre US$ 40 milhões e US$ 90 milhões a esses dois países por ano, incluindo gastos com segurança e mesmo tratamento hospitalar aos feridos por bala. Apesar da crise de segurança na região, Sérgio Duarte nega que a relação entre os governos latino-americanos esteja criando um sentimento desconfiança.
“Aparentemente a Venezuela está comprando armamentos. Mas quero crer que se trate apenas de uma reorganização e modernização de equipamentos. Não vejo por enquanto uma corrida armamentista. Pode ser que venhamos a ter. Mas não nesse momento”, afirmou.
Sobre a situação das armas no mundo, o brasileiro acredita que há como pressionar nesse momento por uma ação que permita a criação de um sistema internacional de segurança. “Só assim os países poderão abolir seus armamentos”, disse. “Parece haver no mundo, principalmente nos países armados, uma consciência de que precisamos fazer algo pelo desarmamento. Esse impasse precisa terminar. Vamos ver se conseguimos, com tempo e diplomacia, canalizar a energia que está se formando”, completou.
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