A Bíblia encerrou o ano como um best-seller na Noruega. Porém não se trata de uma edição comum do livro sagrado cristão, mas de uma edição que recebeu um tratamento literário, parecido com o que a Sociedade Bíblica do Brasil fez na edição “O Livro dos livros”.
De acordo com a Sociedade Bíblica Norueguesa 12 escritores foram convocados para compor essa nova tradução da Bíblia, alguns estão entre os mais notórios do país nórdico. Os escritores trabalharam, ao longo de seis anos, junto de um time composto por 30 tradutores, padres e acadêmicos.
Stine Smemo Strachan, da Sociedade Bíblica Norueguesa, falou que “nenhum dos autores é religioso, eles são apenas bons escritores que imaginaram que seria um projeto interessante no qual se envolver”.
Traduzida diretamente do grego e do hebreu, a nova edição da Bíblia foi um fenômeno de vendas na Noruega. Segundo o jornal britânico “The Guardian” formaram-se filas nas portas das livrarias de madrugada “estilo Harry Potter”, que culminaram na venda de 79 mil exemplares em poucas semanas.
Strachan ressaltou também que o objetivo foi oferecer uma versão “legível” e com “boa linguagem” das escrituras. Segundo ele essa “legibilidade” é a responsável pelo sucesso de vendas, muito acima do esperado. Ele fala também que outro motivo das vendas acima da média é o fato de se estar diante de um “evento cultural”.
O teólogo e linguista Paulo Teixeira, secretário de tradução e publicações da SBB, explica que a literária é “uma Bíblia de nicho, de segmento”, que alcança os leitores interessados nos grandes clássicos e em obras de ficção modernas. Em entrevista ao G1 ele disse também que na edição “O Livro dos livros – Edição literária da Bíblia Sagrada” só muda a diagramação, e que a exemplo do similar norueguês, esta não apresenta colunas ou versículos.
Quando indagado se a SBB tem intenções de fazer uma edição similar à da Noruega, mas com autores brasileiros, Teixeira responde que “até este momento, ainda não pensamos”. Mas afirma que pode ser uma empreitada interessante. Ele diz acreditar que “envolver celebridades literárias brasileiras, numa tradução ou numa releitura, pode ser muito bem-vindo. Até para quebrar o paradigma de que [a Bíblia] é um livro meramente religioso…”
Teixeira comentou também a edição publicada pela SBB em 1917, que envolveu em seu processo de publicação celebridades como Rui Barbosa, Heráclito Graça e José Veríssimo.
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