Há várias semanas na lista dos mais vendidos, o livro “Inquérito sobre Jesus” virou best-seller. A publicação, que levanta questões sobre a vida de Jesus, aponta, por exemplo, que a ressurreição do Senhor não passou de mera alucinação dos discípulos.

O livro, que está gerando forte polêmica na Itália, traz uma entrevista com o professor de História especializado em cristianismo Mauro Pesce, da Universidade de Bolonha, conduzida pelo jornalista Corrado Augias. Juntos, os autores questionam não a ressurreição, mas a data e o local onde Cristo nasceu e como Maria deu à luz permanecendo virgem.

O livro foi escrito com base, principalmente, nos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). “Não sabemos até que ponto podemos confiar em Lucas (um dos evangelistas), que escreveu 50 anos depois da morte de Cristo, baseado em informações de terceiros”, escrevem os autores.

Segundo Pesce e Augias, Jesus não tinha intenção de fundar uma nova religião e se manteve fiel à tradição hebraica. “Ele nunca tentou converter os não judeus. Isso seria feito depois de sua morte por alguns seguidores e pelas igrejas cristãs, mudando bastante o que Jesus pregava e praticava”, citam.

O jesuíta Giuseppe De Rosa, da influente revista semanal Civiltà Cattolica considera o livro um “ataque frontal à fé cristã”. Mas os autores discordam. “Não é a oposição entre o que Jesus foi e o que a igreja pensa ter sido, mas entre o que as pessoas sabem e o que as pessoas não sabem”, disse Pesce em entrevista à agência de notícias BBC Brasil.

“Os estudos dos últimos 30 anos revolucionaram as teorias tradicionais. Agora, avalia-se a relação entre os vários textos. Em alguns casos, os evangelhos apócrifos (não reconhecidos pela igreja) dão informações muito importantes”, completou.