Autoridades do distrito de Son Ha, na Província de Quang Ngai incitaram uma multidão a queimar a casa de evangelista de Dingh Van Hoang no dia 21 de agosto, porque ele se recusou a assinar um papel que o obrigava a negar o cristianismo.
O chefe da segurança pública, Dinh Van Hoanh, e o deputado Thai Mai Quan foram até a casa de Hoang naquele domingo e disseram a ele que os cristãos não eram aceitos por lá. Eles o alertaram de que ele teria que desistir de sua crença ou enfrentaria a destruição de sua casa.
Hoang, como tinha feito anteriormente, respondeu que não deixaria de ser cristão.
"Logo depois, uma multidão foi em direção à sua casa, derrubando uma das paredes", disse Hoang a Compass. "Mais uma vez eles exigiram que desistíssemos do cristianismo. Minha esposa e eu respondemos que não iríamos desistir da nossa fé. Então eles queimaram nossa casa e todos os nossos bens".
A multidão incluía veteranos de guerra, forças de defesa local, jovens e o chefe Dinh Van Xoa, afirmou Hoang. Essa é a terceira vez que a casa de Hoang é queimada.
Fontes no Vietnã também relataram que, nos dia 26 e 31 de julho, autoridades do distrito de Son Tinh, província de Quang Ngai, destruíram a casa de dez famílias da etnia Hre, porque não quiseram deixar o cristianismo.
No dia 28 de agosto, Din Tan Vinh, um evangelista da etnia Hre junto à Igreja Evangélica do Vietnã, falou à Rádio Free Ásia sobre as casas destruídas. No dia 31 de agosto, o Vietnã News Service (VNS) contrariou a publicação que aparecia em um jornal local, e, no dia 5 de setembro, em inglês, no "Vietnã News".
No passado, o Vietnã rejeitaria tais acusações como uma "armação completa das forças hostis ao Vietnã", mas imprensa estadual citou as acusações em detalhes e depois tentou refutá-las como calúnias, segundo cristãos Hre. Por exemplo, um artigo da VNS negou que Vinh fosse um representante da "Igreja Protestante Vietnamita", geralmente chamada de Igreja Evangélica do Vietnã do Sul (ECVN).
Mas o presidente da ECVN o reverendo Thai Phuoc Truong, confirmou, em 8 de setembro, que Vinh é um obreiro registrado da igreja e tem amplas responsabilidades com as igrejas Hre. Ele disse que o governo, entretanto, se recusa a reconhecer as congregações Hre e obreiros legalmente reconhecidos que digam pertencer a essas congregações. Troung levou tais questões à seção protestante do Escritório de Relações Religiosas em Hanói, durante a última semana de agosto, sem obter qualquer resultado.
Difamando Hoang
O Serviço de Notícias do Vietnã também difamou Hoang, declarando falsamente que ele "não era um bom cidadão e que foi expulso da comunidade por várias vezes". Fontes da igreja disseram que Hoang é um cumpridor da lei, cujo compromisso com o cristianismo tinha feito com que oficiais locais o perseguissem impunemente em várias ocasiões.
O artigo do VNS também declarava que Hoang "abusava das limitações educacionais dos grupos de minoria étnica, pregando ilegalmente. Ele foi avisado várias vezes para não iludir as pessoas com lavagem cerebral". O artigo acrescentava que ele "continuava a incitar as pessoas a não trabalhar". A obra evangelística de Hoang, disseram os cristãos Hre, estimula o trabalho diligente e incentiva o cumprimento das obrigações sociais, em vez de proibi-las.
O artigo acusou Hoang de não ter registro de residência oficial. Por muitas vezes Hoang entrou com pedido de registro oficial, mas sempre o teve negado pelo fato de ser cristão.
O artigo do "Vietnam News", publicado em inglês, acusou falsamente Hoang de destruir um cemitério tradicional.
"Seu comportamento", declarava o artigo, "era um teste para a paciência da comunidade, e forçou a multidão a queimar a sua residência".
A explicação oficial para a destruição de dez casas de cristãos da etnia Hre, em julho, deu a entender que novas casas em um local melhor estavam sendo preparadas para as famílias, mas que eles não iriam mudar-se voluntariamente. Não existem casas sendo preparadas, disseram fontes Hre a Compass.
A ampla perseguição e a forte discriminação contra essa etnia estão concentradas em Hoang desde 1999. Nesse período até 2003, as autoridades humilharam o evangelista em público no tribunal 'povo', em que ele era satirizado e agredido perante seus vizinhos; prendendo-o sem julgamento, forçando-o abandonar a sua casa, e a se mudar várias vezes; invadindo sua casa; espancando sua esposa e filhos, forçando não só ele como também sua esposa a participar de práticas pagãs, incluindo rituais com bebidas que continham sangue de porco.
Por duas vezes, oficiais deram ordem para que sua casa fosse queimada.
Dinh Van Giao e Dinh Van Tru, cristãos da etnia Hre, da comunidade Son Thuong, relataram uma enorme pressão para que eles abandonassem o cristianismo. Quando esses homens se recusaram a escrever uma declaração negando Cristo, em 15 de agosto, as autoridades escreveram em nome deles e forçaram as mãos dos dois, deixando suas impressões digitais.
Tais ações contra essa minoria, junto com a conivência do governo, vieram logo depois que as medidas legislativas foram adotadas pelo país para supostamente dar apoio maior à liberdade religiosa.
O número de cristãos Hre aumentou de 500 em 1991 para cerca de seis mil neste ano, na província de Quang Ngai. Nos últimos anos a perseguição tem sido intensa, especialmente nos distritos de Son Tinh, Son Ha, Minh Long e Ba To, que se orgulham de sua história revolucionária.
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