As autoridades da Argélia decidiram publicar uma lei que proíbe o proselitismo religioso. Segundo a agência de notícias Noticia Cristiana, o governo deseja com isso impedir o avanço do cristianismo, propagado por missionários evangélicos sobretudo na região da Cabília, leste do país.
O projeto de lei foi aprovado em novembro pela Junta Ministerial, que explicou em um comunicado que possuía "disposições para acabar com as atividades anárquicas de associações, assim como de particulares, e impedir com a força da lei o proselitismo a qual os muçulmanos são submetidos no país".
O parlamento concluiu na semana passada a confirmação do projeto de lei. Isso coincidiu com a multiplicação de artigos na imprensa falando sobre o auge do cristianismo em Cabília.
O texto adotado pelas duas câmaras prevê penas de dois a cinco anos de prisão e multas de entre 5 a 10 mil euros para aqueles que "incitarem, obrigarem ou utilizarem meios de sedução para converter um muçulmano a outra religião". As mesmas penas se aplicam aos que produzirem, distribuírem ou armazenarem documentos de qualquer tipo que "busquem minar a fé dos muçulmanos".
Por último, é proibido o culto de qualquer religião, a não ser o islamismo, "fora dos edifícios designados para ele". Dessa forma, para o Noticia Cristiana, se procura evitar que os cristãos possam se reunir em casas para orar ou ler a Bíblia.
Com a conclusão do projeto, o Ministério do Interior ordenou que as igrejas católicas e protestantes fossem protegidas pelas forças de segurança, para evitar possíveis atentados.
Pastor apunhalado
Segundo uma publicação de Argel, em alguns casos, o clérigo também está sendo protegido. O último atentado contra um líder religioso, o pastor metodista norte-americano Hugues Johnson, aconteceu em janeiro de 2005 no bairro de Belcourt. O pastor foi apunhalado nas costas.
Há hoje na Argélia 110 clérigos católicos e 170 freiras, de acordo com o bispado de Argel. Os protestantes são mais numerosos, mas a maioria esconde sua religião das autoridades.
Nos fóruns da Internet freqüentados pelos jovens de Cabília, a nova lei suscitou reações negativas. "A república islâmica mostra sua verdadeira face", afirma um dos participantes, aludindo ao regime argelino. "Os muçulmanos estão em liberdade, os cristãos na prisão", afirmam outros, se referindo à recente detenção de rebeldes perdoados pelo regime.
Segundo o Noticia Cristiana, as conversões ao cristianismo têm sido mais numerosas em Cabília por lá ser uma região berbere rebelde que quer se diferenciar do resto do país. Várias partes da sociedade reivindicam também a restauração dos valores existentes no século VIII, antes da chegada do islamismo. Alguns lugares da costa norte-africana haviam sido evangelizados.
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