JERUSALÉM – Ariel Toaff, filho do ex-grande rabino de Roma e autor do polêmico livro “Páscoa de Sangue”, retratou-se dos resultados da pesquisa que mostravam que um grupo de judeus medievais poderia ter matado crianças cristãs para ritos religiosos.
Toaff, que há dez dias ordenou a detenção da distribuição do livro na Itália por causa das queixas da opinião pública em Israel, disse ao jornal “Ha’aretz” que tem a intenção de esclarecer o assunto em artigo que será publicado em uma revista especializada.
Em “Páscoa de Sangue”, o pesquisador sustenta que um pequeno grupo de judeus medievais pode ter realizado esse tipo de prática e que confissões de crimes de sangue podem ter sido obtidas – sob tortura – pela Inquisição.
No livro, Toaff lembra um caso em 1475, em Trento, e explica que judeus da cidade podem ter matado um menino chamado Simon.
Mas, em declarações ao jornal, assegura que nunca sustentou que o objetivo do crime fosse usar o sangue do menino com fins religiosos.
O chamado “libelo de sangue”, gerou ao longo de séculos uma violência desenfreada contra comunidades judaicas na Europa, até ser declarado falso pela Igreja católica, na década de 70.
As críticas contra o livro por parte da opinião pública em Israel, e de numerosas comunidades judaicas no mundo, levaram Toaff a publicar uma carta de desculpa, mas sem esclarecer nela as conclusões de sua pesquisa.
O trabalho foi duramente criticado por outros especialistas em história medieval que chegaram a classificá-lo como “um insulto à inteligência”, segundo o jornal.
Até mesmo a Universidade de Bar-Ilan, nos arredores de Tel Aviv e na qual trabalha o pesquisador, tomou distância do livro e repudiou suas conclusões.
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