Múltiplos ataques e prisões ocorridos nas últimas semanas demonstram a crescente hostilidade para com os cristãos na Índia. A polícia tem colaborado com os extremistas hindus, em alguns casos alegando "enorme pressão" para acusar ministros cristãos de conversão forçada.
Em 20 de agosto, extremistas invadiram um culto no distrito de Kolar, no Estado de Karnataka, e agrediram o pastor e seu assistente. Em 14 de agosto, guardas penitenciários desse Estado não conseguiram impedir que extremistas hindus entrassem na prisão e agredissem um prisioneiro cristão.
No Estado de Andhra Pradesh, em 21 de agosto, a polícia prendeu um sacerdote católico por supostamente queimar imagens de divindades hindus. No dia 20, em Madhya Pradesh, a polícia interrogou um pastor depois que extremistas hindus atacaram um culto em sua igreja.
Pastor agredido
Cerca de 10 extremistas hindus do Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) interromperam um culto dominical da Igreja Bom Pastor, em Kolar, Karanataka, por volta das 7h30 do dia 20 de agosto.
O pastor Nelson Jayaraj estava perto de concluir o culto quando o grupo apareceu, segundo informações de Albert Lael, secretário do Conselho Geral Cristão da Índia.
"Quando os extremistas começaram a agredir o pastor Nelson, seu assistente, Angam Kainthong, tentou resgatá-lo. Os agressores então se voltaram contra Angam e o agrediram severamente", disse Albert Lael. O assistente está se recuperando de ferimentos internos.
Antes de saírem, os extremistas avisaram ao pastor Nelson para não realizar mais cultos na região.
"Vamos registrar uma queixa contra os agressores", afirmou Albert Lael. "Já nos encontramos com um deputado local que nos assegurou que tais incidentes não aconteceriam de novo".
Três semanas antes desse incidente, 15 extremistas hindus do Bajrang Dal invadiram uma cadeia e atacaram Chetraven Rajan, um empresário cristão acusado de induzir sua esposa ao suicídio. As autoridades da prisão não tentaram proteger Rajan nem registram uma queixa contra os agressores. (Clique aqui para ler mais sobre esse caso.)
Sacerdote preso
Em Andhra Pradesh, sul da Índia, a polícia prendeu, no dia 21 de agosto, o padre Mathew Kunnel por supostamente queimar imagens de divindades hindus.
Membros do Vishwa Hindu Parishad (VHP, ou Conselho Mundial Hindu), Bajrang Dal e RSS exigiram que a polícia agisse contra o padre e outros membros da equipe que trabalhava na igreja, por terem supostamente realizado a profanação em 18 de agosto.
Os extremistas acusaram o padre Mathew de dirigir um encontro nessa data, no qual vários hindus se tornaram cristãos. O sacerdote e seus ajudantes teriam ateado fogo em imagens de divindades hindus nas dependências da igreja, segundo relato do "Deccan Chronicle".
Atendendo a essa queixa, a polícia registrou um caso contra o padre e outros líderes cristãos, de acordo com o inspetor Harinatha Reddy. O padre Mathew foi libertado sob fiança.
O arcebispo M. Joji, da capital Hyderabad, disse que as tensões religiosas estavam se elevando por causa da apresentação de um projeto que proíbe a pregação de qualquer religião que não seja o hinduísmo em Tirupati, um local de peregrinação hindu.
"O padre Mathew é uma vítima dessas paixões públicas exacerbadas", afirmou o arcebispo.
Polícia interroga pastor
Extremistas hindus também atacaram um culto dirigido pelo pastor Vijay Kumar Mourya, do Serviço Missionário Repercussão do Evangelho, em Mangaon, no distrito de Rewa, em Madhya Pradesh, no dia 20 de agosto. Depois do ataque, a polícia deteve o pastor Vijay para interrogatório.
"Tenho uma pequena congregação de cerca de 50 cristãos devotos, que, desde 1997, têm se reunido regulamente para cultos dominicais na igreja que funciona na minha casa", explicou o pastor Vijay.
Naquela manhã, por volta das 9h30, um grupo de 45 a 50 extremistas do Bajrang Dal se reuniu do lado de fora da casa, recitando slogans injuriosos e orações hindus, contou o pastor.
Vijay Mourya continuar a pregar até por volta das 11 horas, quando um casal trouxe um menino de cinco anos, que estava doente, para que a igreja orasse.
Furiosos porque o culto prosseguia, alguns dos extremistas entraram no salão, agarraram o menino e torceram seu braço, enquanto gritavam para o pastor, ordenando: "Pare agora! Saia desse lugar ou da próxima vez haverá derramamento de sangue".
O bando então vandalizou a igreja, atirando cadeiras e quebrando a mobília.
A polícia intimou o pastor e o interrogou durante quatro horas, no dia 22, e repetiu o procedimento no dia seguinte.
"Aparentemente, o Bajrang Dal disse à polícia que eu estava envolvido em conversões", afirmou o pastor Vijay. "Um homem que eu nunca vi antes disse que eu lhe ofereci 2.500 rúpias (54 dólares) para que ele se convertesse ao cristianismo".
O inspetor de polícia M. Pachouri, da delegacia de Mangaon, anteriormente tinha afirmado que os líderes do VHP estavam exercendo forte pressão sobre a polícia para que fossem registrados casos de conversão forçada contra os cristãos, segundo Reggie John, líder de uma assembléia de jovens local.
Reggie John escreveu recentemente para autoridades do distrito, requisitando uma investigação oficial da perturbação aos cristãos.
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