O presidente de Cuba, Raúl Castro, fará em dezembro, ao Brasil, sua primeira viagem internacional desde que assumiu a chefia do governo em julho de 2006. Ele aceitou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar da primeira reunião em que só estarão presentes países da América Latina e Caribe. Na quinta e na sexta-feira, durante os dois dias de visita de Lula a Cuba, Raúl Castro sempre acompanhou o presidente brasileiro. E, com seu jeito de irritadiço que às vezes é engraçado, protagonizou momentos divertidos.
Quando caminhava com Lula perto de um quartel feito por Che Guevara e se dirigiam para ver a parte velha de Havana, Castro perdeu a paciência com os jornalistas, que dificultavam a passagem. “Ô povo indisciplinado”, afirmou, e jogou a mão para o ar. Acabou atingindo o olho direito de Lula. Ao perceber, Castro passou a mão na cabeça do brasileiro, enquanto Lula apertava o olho. Antes, ao ver o batalhão de repórteres e fotógrafos, Castro reivindicou: “Quero liberdade de locomoção”.
Na sexta-feira, durante solenidade em que a Petrobrás assinou convênio com a Cuba Petróleo para fazer prospecção no mar, Raúl Castro esqueceu-se de seu passado de ateu. “Somos um dos três países do Golfo do México. Estados Unidos têm petróleo, México tem petróleo. Não é possível que Deus seja tão injusto que só não dê petróleo a Cuba”, disse.
Na quinta-feira, no Palácio das Convenções, onde funciona o Congresso, Castro sugeriu ao brasileiro que, com ele, fizesse “cara” de parlamentar da União Européia, para que os fotógrafos registrassem a cena. Quando um fotógrafo pediu que os dois repetissem o gesto de aperto de mão, Raúl Castro tornou a resmungar: “Depois dizem que somos a ditadura do proletariado. Vivemos a ditadura do protocolo”.
Ao se despedir de Lula, no aeroporto de Havana, Castro comentou que o Brasil é gigantesco, com 192 milhões de habitantes. E previu que o crescimento demográfico vai zerar logo, porque, segundo ele, “as mulheres não querem mais trabalhar, no sentido da maternidade”. Lula emendou: “As brasileiras trabalham”.
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