Entidades vinculadas à produção do kit anti-homofobia sustentam que os vídeos entregues à presidente Dilma Rousseff não são de autoria do grupo de trabalho designado pelo Ministério da Educação para desenvolver o projeto. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT) acusa a bancada religiosa de deturpar materiais, mostrando-os como parte do kit.
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, nega que Dilma teve acesso aos vídeos por meio de sua bancada, e diz desconhecer quem os encaminhou à presidente. No entanto, garante, convicto, ser verdadeiro o material que chegou às mãos dela:
– É verdadeiro. Os vídeos foram, inclusive, pagos pelo Ministério da Educação. Nós temos um ofício do ministro respondendo ter contratado para isso.
Ele reitera:
– Não fomos nós que entregamos os vídeos que ela assistiu. Deve ter sido o próprio MEC que entregou a pedido dela.
Segundo o presidente da ABGLT, Toni Reis, Dilma teve acesso a uma animação feita a partir de apresentação em Power Point, realizada durante audiência pública para “avaliação dos programas federais de respeito à diversidade sexual nas escolas”, ocorrida no Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com informações do site da instituição, a exibição do conteúdo foi feita pelo presidente do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (FENASP), Wilton Acosta.
– Há um (arquivo de) Power Point que os evangélicos montaram para apresentar no Ministério Público durante a audiência. Não tem alhos nem bugalhos. Pegaram parte de um material dirigido a usuários de drogas, a prostitutas, à prevenção da Aids. Transformaram em vídeo e levaram para a Dilma. Não tem nada a ver com o kit Escola Sem Homofobia. A presidente está comprando gato por lebre – diz.
Em seguida, ele indaga:
– Já pensou ensinar para adolescentes coisas como: “não use drogas sozinho”? Foi esse material mostrado à Dilma. O original não mostra cena de sexo, não fala em Aids. Fala sobre cidadania. Eu idealizei. Queremos fazer uma coisa decente.
Garotinho confirma que a apresentação em Power Point levada ao MPF fora preparada por representantes evangélicos. Conforme o deputado, o material mostrado durante a audiência foi produzido a partir de uma espécie de cartilha elaborada por uma “entidade que lidera o movimento LGBT”. O parlamentar diz acreditar que isso seria entregue em instituições de ensino e, por esta razão levaram ao MP.
– Provavelmente pretendem distribuir isso nas escolas. Procuramos o Ministério para informar que isso estava sendo produzido.
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