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As eleições no Turcomenistão e a esperança para a Igreja

Para muitos turcomanos, o presidente Niyazov (conhecido como Turkmenbashi, Pai dos Turcomanos) foi e ainda é o grande líder que trouxe prestígio, identidade e respeito ao seu país. Mas, outro turcomanos esperaram uma mudança na sociedade quando Turkmenbashi morreu repentinamente em 21 de dezembro de 2006.

O legado

O legado de Turkmenbashi é diverso: novos edifícios pomposos no centro da capital Ashgabat, estradas amplas (e vazias), grandiosos fontanários, estátuas e outdoors nas vilas representando "O Pai do Povo" (ele mesmo), combustível, água e eletricidade grátis para a população. Mas ele também causou a evacuação e destruição de casas na capital para dar espaço aos seus magníficos projetos; uma censura estrita sobre tudo que era publicado (até no número de fotocópias em uma loja deveria ser registrado), uma rápida deterioração no sistema de saúde e educacional.

Os serviços de segurança vigiavam todos os cidadãos. Opor-se ao regime levava à prisão ou exílio de toda a família. Toda a população está no domínio da miséria e do medo, com 58% vivendo abaixo da linha de pobreza, apesar do fato de o país ter uma imensa riqueza em suas reservas de gás natural - ele possui a maior quarta reserva de gás natural do mundo. Mas a extrema corrupção enriquece apenas uns poucos e empurra o restante dos quase 5 milhões de turcomanos para a mais completa miséria. Tem aumentado o trafico de drogas e no uso de heroína. Não há centros de reabilitação para o crescente número de viciados (estima-se ser 64 mil no país) e eles são, com freqüência, mandados para campos de trabalho.

A política do Turcomenistão tem tragicamente quebrado as famílias. Jovens uzbeques e russas que se casam com cidadãos turcomanos não têm direito a registro e são mandadas para fora do país, com seus filhos. Os funcionários públicos devem checar a genealogia delas para verificar se eles são de linhagem turcomana há pelo menos três gerações.

Uma nova geração de turcomanos cresceu com idéias injetadas em sua mente duas após dia. Para eles, o Pai do Povo é o maior benfeitor. Eles nunca ouviram uma palavra de crítica contra ele.

A questão da reforma

Em 11 de fevereiro, serão realizadas as eleições presidenciais e o processo de especulação já começou. O atual presidente interino, ex-ministro da Saúde e vice-primeiro ministro Gurbanguly Berdymukhamedovse tornou candidato (através de uma emenda na Constituição) e tem a preferência da mídia estatal e dos altos escalões, incluindo o serviço secreto. Ele prometeu reformas no sistema educacional, melhoria nos padrões de vida, acesso à informação (internet para todos!), mas não se pronunciou sobre mudanças no sistema político, sobre liberdade de imprensa e a libertação dos prisioneiros políticos. Desde que ele está no comando, os interrogatórios e as prisões não diminuíram. Erika Daily, do Instituto Sociedade Aberta, aponta que "nossa estimativa de um novo regime deve ser baseada em ações, não em palavras, em monitoramento objetivo, e não em desejos do coração". O povo turcomano já ouviu palavras e promessas vazias o suficiente.

A Igreja no país também conhece bem essas promessas vazias. Os cristãos se encheram de esperança quando o ditador morreu de repente. Será que vai haver mais liberdade religiosa? Entretanto, a maioria deles se acautela e não espera mudanças ainda.

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A Igreja

Há uma vasta discrepância entre a teoria e a prática. Em teoria, os cristãos têm uma relativa medida de liberdade. A Constituição do Turcomenistão garante "liberdade religiosa e de fé" (artigo 11) e "liberdade de convicção e livre expressão de sua convicção" (artigo 26). No entanto, muitos cristãos protestantes sofrem regularmente ataques em suas igrejas ou grupos domésticos e têm seus livros e materiais confiscados. Um dos líderes comentou: "As leis da Constituição estão ao nosso lado, mas os funcionários do governo fazem o que lhes mandam fazer. A polícia nunca quer pôr nada por escrito quando ela nos persegue - ela quer esconder o que está acontecendo". O Turcomenistão mostra seu lado gentil e cooperativo para o mundo, mas um lado cruel e controlador para o povo.

Os turcomanos w deixam o islamismo e se tornam cristãos continuam a enfrentar humilhação e pressão psicológica do clero e das autoridades muçulmanas. A maioria dos membros do Comitê de Assuntos Religiosos é muçulmana e alguns deles são até imames. Mesmo assim, espera-se do Comitê uma posição neutra em relação à religião.

O registro requerido para as igrejas é um processo trabalhoso. Cristãos turcomanos dificilmente têm chance de ganharem registros, e são sempre vistos como seitas. 
Enquanto isso, as igrejas registradas têm de relatar tudo às autoridades. Minutas das reuniões do conselho da igreja devem ser entregues ao Ministério da Justiça, e o dinheiro das ofertas deve ser depositado em uma conta bancária oficial enquanto todas as transações financeiras são monitoradas pelos serviços secretos. Oficialmente, 20% das doações devem ser dadas ao Comitê de Assuntos Religiosos. Informações completas sobre todos os membros da igreja devem ser fornecidas ao governo. Por causa desse tipo de interferência, diversas igrejas que quiseram a princípio se registrar decidiram não fazer mais isso.

Mas o registro também não garante que a polícia não perturbará mais. Nos últimos dois anos, vários ataques aconteceram durante cultos e neles a polícia filmou todos os presentes, confiscou livros, levou os cristãos à delegacia e os interrogou por um longo tempo. Eles foram multados, e os estrangeiros foram deportados.

Desânimo

O desemprego no país alcança cerca de 60% da população, afetando mais os cristãos do que os outros. Quando os serviços de segurança mandam alguém demitir seu funcionário por que ele ou um parente seu é cristão, a maioria dos empregadores não tem coragem de se recusar a obedecer. Alguns líderes cristãos então incentivam os membros de suas igrejas a abrirem pequenos negócios e serem autônomos.

Muitas pessoas decidiram emigrar ou mandar seus filhos para o exterior para terem aula, mesmo correndo o risco de não verem seus filhos por um longo tempo. O sentimento de desespero e desolação pode ser superado às vezes, como escreveu uma jovem cristã de Ashgabat: "Estou tão perdida que não sei o que fazer. Estou deprimida. Gostaria de ajudar nosso povo, mas não sei como. Eu me sinto meio inútil".

Depois de algumas semanas, o tom dela era diferente:

"Voltei de nossa viagem missionária. Foi ótimo! Fomos com mais três mulheres em uma viagem e tivemos a oportunidade de compartilhar o evangelho com vários homens, o que não é de acordo com nossos costumes, mas eles ouviram e aceitaram o Senhor Jesus como o Salvador deles.

Em outra vez, nos reunimos com um grupo de mulheres. Uma delas é uma 'Dorcas' turcomana. Ela cresceu em uma família muçulmana, mas quando ela se tornou cristã, a família a rejeitou e seus irmãos a agrediram. Entretanto, ela não abandonou sua fé. Ela tem um dom especial, costurando e ajudando famílias pobres.

"Durante nossa viagem, tivemos muitos problemas e ficamos doentes várias vezes, mas depois de orarmos nos sentimos bem. Algumas das mulheres com as quais falamos foram curadas. Quando voltamos, nos sentimos como se tivéssemos asas!"

Crescimento da Igreja

O número de cristãos turcomanos não é muito alto, aproximadamente cinco mil. A maioria deles se tornou cristã logo depois do colapso da União Soviética. Embora o crescimento da igreja tenha se estabilizado ao longo dos últimos quatro ou cinco anos, o número de cristãos continua a crescer firmemente. Todo ano, são realizados cursos de treinamento bíblico e batismos. Em uma cidade, alguns viciados em drogas experimentaram a direção e a cura de Deus e se tornaram cristãos. Outros viram a diferença na vida dessas pessoas e se unem a elas. A Igreja naquela cidade tem agora cerca de 70 membros e 95% deles são turcomanos.

Embora o evangelismo seja proibido, os cristãos assumem o risco e distribuem livros. "Muitas pessoas estão cansadas da escuridão e da ideologia. Cada denominação da Igreja tem crescido!", um líder cristão disse a um obreiro da Portas Abertas. Por causa da estrita restrição em importar e publicar livros, a demanda por Bíblias e livros cristãos é enorme. "Cada vez que recebemos livros cristãos, fazemos uma festa!", comentou ainda aquele líder cristão.

O que você pode fazer?

Essa Igreja em crescimento precisa de nosso apoio de várias formas, incluindo a distribuição de livros, treinamentos bíblicos, assistência a cristãos que perderam seus empregos e no empréstimo de pequenas quantias para que eles comprem gado ou estabeleçam uma empresa familiar. A Portas Abertas trabalha lado a lado da Igreja turcomana.

Os cristãos turcomanos nos pedem orações para que haja mais liberdade religiosa no país , mais chances de compartilhar o evangelho, melhor suprimento de Bíblias e livros cristãos, restauração de seu país e um futuro para as crianças do Turcomenistão.

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/2007/02/noticia3306/


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