"Agentes da polícia fizeram papel de meros espectadores enquanto os cristãos foram brutalmente espancados", relatou à Portas Abertas uma testemunha que não quer ser identificada por razões de segurança.
O ataque ocorreu durante o segundo dia de um encontro de avivamento programado para os dias 7 a 9 de fevereiro, na Igreja Cristã Assembléia de Deus da Índia (ICM, sigla em inglês), templo que funciona há 20 anos.
O encontro de avivamento incluiu uma cerimônia de formatura de 14 alunos que participaram de um programa de treinamento bíblico, de curto prazo, dos estados vizinhos à igreja.
Cerca de 300 cristãos, incluindo mulheres e crianças se reuniram para testemunhar a cerimônia e participar da reunião de avivamento.
Eles vieram de estados vizinhos de Maharashtra, Bengala Ocidental, Orissa, Madhya Pradesh e Chhattisgarh.
"Tudo correu bem no primeiro dia da reunião, até à tarde do segundo dia", revelou o pastor Anil Kumar Digal, um missionário de ICM, uma das testemunhas oculares e vítima do ataque violento.
Por volta das 15h00 um grupo de 35 jovens armados com barras de ferro e bastões de madeira em suas mãos, interrompeu a reunião e começou a interrogar o Pastor Thomas Abraham e os líderes da igreja, que expressaram seu descontentamento com este tipo de interrupção.
"Estes homens eram de Bajrang Dal (uma organização hindu radical) e a ala jovem do Vishwa Hindu Parishad (VHP), Shiv Sena (é uma organização político nacionalista que apoia um programa nacionalista hindu mais amplo), Dharma Sena (grupo extremista hindu afiliado com o Rashtriya Swayamsevak Sangh)", disse a testemunha.
"Eles começaram a maltratar e bater nas pessoas e rasgar Bíblias; insultaram o Deus dos Cristãos e passaram por cima das crianças", acrescentou a testemunha.
Mais fundamentalistas se juntaram a esses jovens com os rostos cobertos para esconder sua identidade, armados com barras de ferro e pedaços de madeira.
Um enorme ataque começou a tomar lugar e homens, mulheres e crianças foram espancados igualmente.
"Uma menina de um ano de idade chamada Mahima, filha de Kamal Singh de Manpur Mohla distrito de Rajnandgaon, ficou inconsciente e só recuperou-se cerca de 45 minutos depois", disse Digal.
"Houve tremenda desordem e os cristãos começaram a fugir na direção que podiam para salvar suas vidas", acrescentou.
Alguém havia chamado a polícia, que chegou quando o ataque ainda estava acontecendo, mas esta se manteve como mera espectadora daquele ataque horrível.
"A brutalidade continuou até às seis da tarde," informou um colaborador da Portas Abertas.
"Alguns cristãos de Orissa e Maharashtra sofreram ferimentos graves na cabeça, devido a pancadas com a barra de ferro, atrás da orelha e lesão ocular", disseram algumas testemunhas.
A polícia concedeu aos Pastores Baijnath Sahu e Rajesh Bhawsagar, junto com os feridos, o tratamento no hospital do governo. Mas, mais tarde descobriu-se que muitos deles desapareceram do hospital sem informar às autoridades do mesmo. Mesmo assim Sahu e Bhawsagar foram levados pela polícia para investigação.
"O ataque foi horrível e o medo tomou conta dos corações da comunidade cristã", informou Digal.
"As pessoas foram espancadas de propósito na parte inferior das costas, de modo que as marcas dos ferimentos não ficassem evidentes", destacou.
Uma equipe da Portas Abertas chegou na noite de 8 de fevereiro, mas não conseguiu encontrar os cristãos e líderes, pois eles precisaram se esconder devido ao medo e trauma.
A equipe, então, conseguiu se encontrar com algumas testemunhas oculares e com as vítimas do assalto e orou com todos eles.
"Houve muitos danos aos patrimônios da Igreja, veículos foram danificados", disseram.
Líderes cristãos de Rajnandgaon informaram à Portas Abertas que haviam abordado o superintendente da polícia, que chegou ao local e fez alguns movimentos iniciais de investigação, mas este justificou que não conseguiria ir mais adiante já que todos os líderes cristãos, assim como o Pastor da Igreja, Thomas Abraham estavam desaparecidos.
O edifício da Igreja está agora sob proteção, e os policiais estão à procura do Pastor Abraham.
Como os líderes que conduziam os grupos de Maharashtra e Orissa fugiram, esses participantes não tinham dinheiro para voltar aos seus lares e nenhuma provisão de comida.
A Portas Abertas cuidou de sua alimentação e fez seus preparativos de viagem para garantir que eles cheguem em suas casas em segurança.
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