Para os incontáveis prisioneiros políticos e religiosos na Eritréia, este é apenas o começo de mais um ano de angústia, tortura e morte. Em sua mensagem de ano novo à nação, o presidente Isayas Afeworki novamente ignorou os pedidos internacionais para que fosse colocado um pouco de dignidade humana em sua administração, libertando ou trazendo a julgamento os milhares de prisioneiros de consciência que estão morrendo nas prisões e em contêineres por todo o país.
Muitos estão detidos a cerca de 5 e 15 anos por levarem pacificamente suas opiniões religiosas ou políticas. Entre as vítimas estão o patriarca Abune Antonios, chefe da Igreja Ortodoxa da Eritréia, líderes e crentes de muitas outras igrejas; ministros de governo, parlamentares, jornalistas e outros suspeitos simpatizantes de grupos exilados da oposição.
Muitos são mantidos em masmorras ou contêineres de metal sujeitos a queimaduras pela temperatura elevada do sol durante o dia e temperaturas congelantes à noite. Como conseqüência, muitos morrem, ou tornam-se parcialmente ou totalmente paralisados. O saneamento praticamente não existe. Nem existe tratamento médico para as vítimas torturadas.
A Anistia Internacional documentou vários tipos de tortura, incluindo o estupro de prisioneiras jovens, após entrevistar vários refugiados que escaparam do país e buscaram proteção fora.
Existem vários métodos de tortura notificados à Anistia Internacional e confirmados por outras entidades de direitos humanos. O método usado mais comumente é o de amarrar os membros com corda – conhecido como “O helicóptero”.
“O helicóptero”: A vítima é amarrada com uma corda pelas mãos e pelos pés, deitada de bruços, sob sol, chuva ou noites congelantes e desprovida de roupas. Esta punição é feita por um número específico de dias – sendo 55 dias o máximo noticiado na prisão da ilha Dahlak Kebir. O prisioneiro fica amarrado nessa posição por 24 horas ou mais, exceto por duas ou três pausas curtas.
“Otto” (oito em italiano): a vítima é amarrada com as mãos atrás das costas e de bruços, mas sem que as pernas sejam amarradas.
“Jesus Cristo”: A pessoa é desprovida de blusa, seus pulsos são amarrados, e permanece em um bloco com as mãos atadas a três hastes: o bloco é removido deixando a vítima com os pés suspensos em uma postura similar à da crucificação. Açoites são infligidos sobre as costas despidas. Esta é considerada uma tortura extremamente severa, geralmente aplicada a cristãos. Este método foi reportado pela primeira vez na prisão de Adi Abeto em 2003.
“Ferro”: Os pulsos são amarrados atrás das costas com algemas enquanto as vítimas permanecem de bruços. São açoitados com varas ou fios nas costas e nas nádegas.
“Tocha” ou “número oito”: dentro de um quarto especial de tortura, a vítima é amarrada com os pulsos atrás das costas. Uma viga é colocada debaixo dos joelhos suportada por vigas de ambos os lados horizontalmente, então a parte superior do corpo é solta e os pés ficam expostos. As solas dos pés são espancadas com varas ou fios.
“Tortura sexual”: Em adição aos choques elétricos durante os interrogatórios uma garrafa de Coca-Cola cheia de água é amarrada aos testículos.
“Estupro e escravidão sexual”: violência sexual contra recrutas femininas. Algumas das novas recrutas mulheres são selecionadas pelos comandantes para sexo sob coação. É dito que elas são ameaçadas de pesadas imposições militares ou lhes é negado o direito de deixar a casa.
O seguinte é parte de um testemunho gravado pela Anistia Internacional de um recruta do serviço nacional que foi torturado na prisão da Eritréia por suas idéias políticas:
“Fui espancado logo no primeiro dia de prisão. O espancamento é uma coisa normal. Eu fui chutado em todas as partes do meu corpo. Depois eu fui amarrado por três dias no método “Otto”. Meus pés foram amarrados, e minhas mãos foram amarradas separadamente atrás das minhas costas. E eu fui colocado nesta posição do lado de fora continuamente por três dias, deitado de bruços, exceto por dois períodos curtos por dia, para comer e para ir ao banheiro...
Eu vi também outros amarrados, alguns muito apertados. Eu vi um cujas veias dos braços se romperam e o sangue escorria. Eles apenas o deixaram lá e se esqueceram dele. Quando as veias estouraram, eles o tiraram e então não sabemos o que aconteceu com ele. Algumas vezes as veias inchavam por causa do sol, e estouravam.
Este recruta eritreu, cujo nome é mantido em segurança para proteger sua família, acrescentou que ele e seus colegas reclusos viram três outros recrutas serem executados diante de seus olhos. Foi dito a eles pelos oficiais de segurança que as vítimas eram traidores porém não lhes disseram quais as acusações. Disseram que a execução não teve julgamento e que não sabiam quem eram ou o que tinham feito."
Em virtude destes relatos ore pelos cristãos da Eritréia. Muitos estão presos em contêineres e sendo torturados até a morte para que neguem Jesus Cristo como Salvador de suas vidas.
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