Adoção de crianças por casais gays gera polêmica na Itália
A decisão inédita deu o direito de adoção para a mãe biológica e sua atual companheira
O Tribunal de Menores de Roma, na Itália, autorizou a adoção de uma criança de cinco anos por um casal de lésbicas que se casaram no exterior – uma das mulheres é mãe biológica da criança.
A decisão se tornou histórica no país que nunca havia permitido que casais formados por pessoas do mesmo sexo tivessem a guarda de uma criança. Na verdade a adoção é chamada “stepchild adoption” que na tradução literal quer dizer adoção de um enteado.
A Itália é um dos países mais conservadores da Europa e diante da decisão, esse público se manifestou contra gerando grande polêmica com os grupos que protegem os direitos de gays e lésbicas e partidos políticos de esquerda que defendem a mesma causa.
Militantes do partido Fratelli d’Italia, um partido nacionalista de direita, resolveram se manifestar contra adoção de crianças por casais homossexuais e criaram uma campanha que diz: “Filho não é um capricho”. A campanha traz ainda mensagens como “defendemos o direito da criança de ter um pai e uma mãe”.
A Igreja Católica também se manifestou condenando a decisão, o monsenhor Domenico Singali, presidente da comissão episcopal da Igreja católica italiana, afirmou que a adoção de crianças por casal gay pode abrir um “precedente perigoso” que pode “desnaturar o curso da vida”.
Outros partidos conservadores como o Nuovo Centro Destra também se manifestaram contra a regulamentação, porém o Partido Democrático, do qual o atual primeiro-ministro, Matteo Renzi, faz parte, acredita que é necessário criar uma lei para autorizar a adoção gay.
O subsecretário do ministério da reforma constitucional, Ivan Scalfarotto, comemorou a decisão do tribunal e afirmou que agora será necessário pensar em uma lei que regulamente a decisão.
A BBC divulgou o relato da italiana Maria Capri que ficou sem poder ver os filhos de sua companheira quando a relação acabou. A ex-parceira de Maria tinha duas crianças e não permitiu que ela chegasse perto delas depois que o namoro chegou ao fim.
“Vi meus filhos só duas vezes em seis anos”, disse ela em um depoimento dramático ao jornal Corriere della Sera. “Não tenho qualquer direito. Se na época pudesse ter adotado as crianças, não estaria na situação em que estou. Na minha vida há um vazio.”
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