A disposição de muitos jovens em abdicar do sexo até o casamento por conta de princípios religiosos tem atraído constantemente a atenção da mídia. O movimento Eu Escolhi Esperar prega a “preservação sexual”, conforme as palavras de seu fundador, pastor Nelson Junior.
Na esteira da adesão do zagueiro David Luiz ao movimento, o jornal O Globo publicou uma matéria descritiva sobre o movimento e as motivações dos jovens que aderem a ele.
Tratando-o como “movimento dos sem sexo”, o jornal afirma que, desde 2012, o Eu Escolhi Esperar teve quadruplicado o número de internautas que curtem sua página no Facebook e agora alcança 2 milhões de pessoas. “O zagueiro [David Luiz], que já conquistara a fama de muso fora de campo, acabou virando garoto-propaganda informal do movimento”, escreveu a jornalista Daniela Dacorso.
“Graças a ele [David Luiz], o movimento saiu das quatro paredes das igrejas católica, batista e evangélica, gerou interesse num número ainda maior de pessoas e, para a nossa surpresa, foi parar até em outros países”, comenta Carla Duarte, 27 anos, secretária executiva de uma multinacional de Engenharia e adepta do movimento desde 2011.
Para o pastor Nelson Junior, “é importante ressaltar que o ‘Eu escolhi esperar’ não é uma campanha de virgindade, mas sim de preservação sexual”. Dentro desse contexto, até os que não são mais virgens podem aderir ao movimento. E esse é o caso de Carla: “Algumas amigas me chamaram de louca, mas posso dizer que sou muito mais feliz assim. É claro que tenho desejos. Eu não sou poste, né? O negócio é controlar a mente e não beijar ninguém na boca. Pra mim, se acender em cima, acaba esquentando embaixo”, afirmou a jovem secretária executiva, que há três anos está sem namorado.
O movimento se expandiu de forma tão intensa que há jovens que se tornaram uma espécie de consultores para outros interessados. Ana Carolina Terto, 20 anos, é virgem e blogueira. Passou a escrever sobre o tema e tem recebido e-mails de gente de todo o país interessada no assunto. “Da noite para o dia virei uma referência para outros jovens, e o que eu explico é que não é exatamente a castidade que buscamos. Queremos relacionamentos saudáveis e duradouros”, pontuou.
Ao contrário de Carla Duarte, que prefere evitar ate o beijo, o casal Cássio Pedroso e Sara Costa, juntos há um ano, não resistem aos beijos, carícias e conversas ao pé do ouvido. “Não me finjo de santa. Cássio sabe de tudo que já vivi e não tenho por que esconder nada. Mas agora tudo é diferente: resolvi esperar por ele”, conta Sara, 22 anos, estudante de História.
Desistências
A maioria dos integrantes – 80% – é de mulheres na faixa dos 18 aos 30 anos de idade. Porém, outros famosos, além de David Luiz, já se declararam adeptos da proposta de esperar o casamento para transar. O meia-atacante Kaká é um exemplo.
Há também mudança de opinião a respeito do assunto. Em 2008, a cantora MIley Cyrus usava um anel de castidade e prometia se guardar para o casamento. Hoje, seus clipes e performances no palco são cheias de conotação sexual: “Sexo é uma coisa linda e mágica”, afirmou recentemente.
O mesmo aconteceu com Selena Gomez, que abandonou o anel de pureza assim que começou namorar o cantor Justin Bieber, e Demi Lovato, que jurava permanecer virgem até que fotos suas, nua ao lado do ex-namorado, vazaram na internet.
Mesmo assim, o movimento cresce e atrai a atenção de jovens e da mídia, que busca compreender a proposta da espera pelo sexo somente no casamento.
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