Preso desde fevereiro de 2012 sob a acusação de ter assassinado sua ex-namorada Mércia Mikie Nakashima, o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza escreveu um livro no se compara a Jesus Cristo para tentar provar sua inocência ao júri.
Mércia foi assassinada Nazaré Paulista, interior paulista, em 23 de maio de 2010. O carro da advogada e o corpo dela, que estavam desaparecidos, foram encontrados, respectivamente, nos dias 10 e 11 de junho daquele mesmo ano numa represa. A vítima morreu afogada após ter sido baleada de raspão no rosto e nas mãos.
O advogado de Mizael, Samir Haddad Junior, pretende usar sete cópias do livro de 56 páginas como parte de sua estratégia de defesa no processo. Intitulado “Mizael Bispo de Souza – Na Cova dos Leões – Uma história de luta, sofrimento, dor e injustiça – Nada está perdido”, o livro apresenta a versão de Mizael no caso, e para mostrar seu lado da história ele réu se compara a Jesus Cristo, dizendo que foi “bode expiatório”, e acusa a família de Mércia de ter sido racista com ele, critica a Polícia Civil de “forjar provas” e o Ministério Público de tentar achar “pelo em ovo” para incriminá-lo, além de afirmar que “todo o processo foi viciado de erros”.
– Me crucificaram como fizeram os judeus com Jesus Cristo, levando-o à cruz – escreveu Mizael no livro, que em seu título traz outra referência à Bíblia ao comparar seu cárcere também ao relato sobre Daniel.
De acordo com o G1, que teve acesso ao livro, os advogados de Mizael, Samir Haddad Júnior e Ivon Ribeiro, pretendem entregar uma cópia do texto a cada um dos jurados no dia que começar o julgamento popular do homem apontado como executor de Mércia. Escrito em primeira pessoa, o livro é direcionado propositalmente aos jurados e, por enquanto, não tem nenhuma pretensão de ser editado ou comercializado. Não há fotos no livro. Ele conta como foi sua origem humilde e pobre na Bahia e a vinda a São Paulo, onde estudou e se tornou policial militar e advogado.
-O Mizael é inocente do assassinato da sua ex-namorada. Não há nada no processo que o coloque na cena do crime. Neste livro, que queremos entregar aos jurados, ele demonstra isso – afirmam os advogados, que explicam também que o réu trocou os nomes verdadeiros dos personagens do caso por fictícios “em respeito ao sentimento religioso e aos mortos”.
Mizael também levanta suspeitas de quem poderia ser o verdadeiro assassino de Mércia, afirmando que o real autor do crime ainda estaria à solta, e critica a investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
– Na realidade, ele sequer investigou a vida pregressa de Márcia, quais suas novas amizades, com quem ela estava saindo ou saía, o que fazia nos finais de semana – escreveu
Apesar das referências bíblicas contidas no livro, o advogado Samir Haddad Junior afirma que seu cliente não teve a intenção de se comparar a Jesus Cristo.
– No livro, Mizael não se comparou a Cristo. Comparou a situação dele à de Cristo, de ser injustiçado – justifica.
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