O Sudão permanece sem resolver o conflito de Darfur, enquanto a ONU pressiona o regime de Omar al-Bashir para que permita o envio de uma força de paz da organização e da União Africana (UA) e o processo de pacificação no sul do país dá sinais de fraqueza.
Enquanto isso a igreja sofre em meio à instabilidade. Os parceiros da Portas Abertas têm mantido um Centro de Treinamento, que abriga vários cursos teológicos no sul do país, para ajudar os irmãos da região a permanecerem firmes.
Apesar dos esforços internacionais, das pressões políticas e econômicas dos Estados Unidos e do compromisso pessoal do novo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a situação em Darfur continua praticamente estagnada.
O acordo de paz iniciado em Abuja em 2006 pelo Governo sudanês e uma facção do Movimento de Libertação do Sudão (MLS) ainda não foi assinado pelos outros grupos rebeldes que começaram o conflito armado em fevereiro de 2003 em protesto contra a situação de pobreza e a marginalização em que se encontrava a região.
Em outubro, fracassou a conferência internacional sobre a questão de Darfur realizada na Líbia e bastante divulgada pelo secretário-geral da ONU e pelo Presidente sudanês.
O encontro, organizado pela ONU e pela UA, pretendia reunir pela primeira vez numa mesa de negociações o Governo sudanês e todos os movimentos rebeldes de Darfur, com o objetivo de conseguir pôr fim às hostilidades e permitir o início do processo de paz. Dos 13 grupos rebeldes da região, seis não quiseram participar do encontro.
A dificuldade de se chegar a um acordo político teve impacto negativo no terreno e na população local. Desde o início do conflito, mais de 200 mil pessoas morreram e outras 2,2 milhões foram obrigadas a abandonar suas casas. Muitas delas não têm acesso a serviços de primeira necessidade.
Entenda o conflito
Os confrontos armados entre os grupos rebeldes, o Governo e as milícias governistas prosseguem, e a ONU denunciou várias vezes os ataques e bombardeios contra a população civil, negados por Cartum.
A organização também acusou o Governo de dificultar o envio de ajuda humanitária à região, que no momento só atinge 3,2 milhões dos 5,6 milhões de habitantes, apesar dos acordos realizados.
A comunidade internacional ainda considera lentos os passos dados pelo Sudão, que, segundo a ONU, tenta atrasar o envio de 26 mil soldados do organismo multilateral.
Só após meses de pressões e negociações o presidente sudanês aceitou o desdobramento da força conjunta das Nações Unidas e da UA na região.
O Sudão exige ainda que as forças enviadas ao país sejam africanas, reivindicação que a ONU não pretende atender.
A todas estas dificuldades para a paz em Darfur soma-se a saída do Governo, em 11 de outubro, do Movimento Popular de Libertação do Sudão (MPLS), que domina o sul do país.
Apesar de quase dois meses depois terem sido anunciadas uma nova tentativa de reconciliação incluindo o retorno dos ministros do MPLS ao Executivo e a preparação de uma conferência para a união nacional, a crise revelou a fraqueza do tratado de paz assinado no Quênia em janeiro de 2005 entre o Governo e a facção do sul.
As duas partes se comprometeram a retirar as tropas que haviam enviado à fronteira comum e prometeram resolver as divergências em torno da disputada região petrolífera de Ebey.
Foi anunciado, inclusive, que a capital do país poderia ser transferida para Juba, capital do sul, por três meses a cada ano.
O norte é árabe e o sul é cristão
A crise, que afeta negativamente o processo de paz de Darfur, como já afirmaram especialistas e políticos internacionais, despertou os fantasmas da guerra civil entre o norte árabe muçulmano e o sul animista cristão, que durante 22 anos devastou esta região do país.
O cristianismo que é pregado ali é extremamente frágil e devido à escassez de missionários e líderes dispostos a enfrentarem o forte calor ( que chega a 52°C) e a miséria, acaba por perder espaço para o fanatismo e a pregação da Palavra de forma oral e muitas vezes distorcida.
Enquanto a ONU aumenta os esforços para iniciar o envio de suas tropas de pacificação em janeiro e prosseguem as negociações do regime com os rebeldes de Darfur e o principal grupo do sul, os mais de cinco milhões de habitantes da região em conflito continuam a esperar pela paz que não chega. Ore pelo Sudão e pelos poucos missionários que trabalham no país.
(Texto original acrescido de informações da Portas Abertas)
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